São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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"Dossiê é propaganda para guerra", afirma Bagdá

DA REDAÇÃO

O governo iraquiano acusou o premiê britânico, Tony Blair, de mentir para justificar um ataque e negou as acusações, formuladas pelo dossiê apresentado por ele ontem, de que o país estaria desenvolvendo armas químicas, biológicas e nucleares. "Essa conclusão de que o Iraque está engajado na produção de armas de destruição em massa não é verdade", disse o assessor presidencial Amir al Sa'adi. "As alegações são longas, as provas são curtas."
Segundo ele, o documento é "uma mistura de meias verdades, mentiras e alegações enviesadas e ingênuas", que não se sustentaria "após um exame por especialistas competentes e independentes".
"Ele sabe que seu dossiê é para o consumo público e para a propaganda de preparação para a guerra, não para a análise dos especialistas", afirmou.
Segundo ele, o retorno dos inspetores da ONU ao país mostrará que as alegações de Blair são falsas. "Não levará muito tempo para verificar todas essas alegações quando os inspetores voltarem", disse. "Eles logo revelarão a verdade sobre essas coisas."
O Iraque anunciou na semana passada a permissão para o retorno dos inspetores da ONU, expulsos em 1998. As inspeções foram determinadas após a derrota iraquiana na Guerra do Golfo (1991).
O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Naji Sabri, negou que o Iraque esteja desenvolvendo armas de destruição em massa e disse que Blair está "simplesmente tentando justificar um ataque militar contra Bagdá".
O ministro da Cultura do Iraque, Hamed Yousif Hummadi, disse que o dossiê não tem base e que faz parte de uma campanha contra o país. "Blair está atuando como parte da campanha sionista [referência a Israel] contra o Iraque, e todas as suas afirmações não têm base", disse.
Um alto diplomata iraquiano na ONU disse que as inspeções de armas da organização, previstas para recomeçar em outubro, terão "acesso ilimitado" aos locais mencionados no relatório, "para estabelecer a verdade".
Pouco mais de duas horas após a divulgação do dossiê de Blair, o governo iraquiano levou alguns jornalistas britânicos para visitar locais mencionados no documento, como supostas fábricas e armazéns de armas químicas ou biológicas. Segundo o jornal "The Independent", o diretor-geral de um dos complexos visitados, a cerca de 50 km de Bagdá, disse esperar pelos inspetores da ONU para poder "expor as mentiras" americanas e britânicas.


Com agências internacionais

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