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ORIENTE MÉDIO
EUA não usam poder de veto, e Bush volta a criticar Israel, que rejeita a resolução; ataque em Gaza mata 9 palestinos
ONU exige fim do cerco israelense a Arafat
DA REDAÇÃO
Israel manteve o cerco ao presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, em Ramallah (Cisjordânia), desafiando resolução do Conselho de
Segurança da ONU, aprovada ontem, com abstenção dos EUA.
A resolução exige a saída imediata das forças israelenses, mas
não prevê sanções se Israel desrespeitá-la. O governo de Ariel
Sharon afirmou que não cumprirá a exigência enquanto os supostos terroristas que se abrigam no
que restou do QG de Arafat não se
entregarem.
Na faixa de Gaza, nove palestinos foram mortos em uma das
mais duras ofensivas israelenses
na região desde a eclosão da Intifada (o levante palestino contra a
ocupação israelense), iniciada em
setembro de 2000. O alvo dos ataques israelenses foram os militantes do grupo extremista Hamas.
Apesar da ação militar de ontem, Israel ainda não deu início a
uma possível operação em larga
escala em Gaza, similar a outras
que ocorreram na Cisjordânia.
No Conselho de Segurança, por
14 votos a 0, além da abstenção
dos americanos, foi aprovado um
texto que, além de exigir o fim
imediato do cerco a Arafat, pede
aos israelenses que cessem "a destruição da infra-estrutura civil e
de segurança palestina". A resolução exige que a ANP leve a julgamento os responsáveis por atos
terroristas.
Muitos analistas enxergam a decisão dos EUA de não usar o seu
poder de veto como uma forma
de não desagradar os países árabes em um momento em que busca apoio para atacar o Iraque.
Ontem, o presidente dos EUA,
George W. Bush, voltou a criticar
Israel. "Nós já tivemos muito sofrimento. Eu acredito que as ações
tomadas pelos israelenses não
ajudem a estabelecer e desenvolver as instituições necessárias para a criação do Estado palestino."
O papa João Paulo 2º também
pediu para Israel encerrar o cerco
a Arafat. Em Israel, também crescem as críticas, especialmente na
imprensa, ao cerco. Para esses
opositores, a ação deveria visar o
Hamas, que assumiu a autoria do
atentado que matou cinco pessoas, na semana passada, em Tel
Aviv.
O ministro da Defesa de Israel,
Binyamin Ben Eliezer, afirmou:
"Nenhuma resolução, nenhuma
pessoa, nada pode nos tirar o nosso direito de defender nossas casas e nosso povo".
Gideon Saar, secretário de gabinete israelense, acrescentou que o
cerco a Arafat irá continuar até
que cerca de 200 pessoas que estão dentro do quartel-general do
líder palestino se entreguem.
O porta-voz do premiê Ariel
Sharon, Raanan Gissin, disse que,
"como os palestinos não irão deter os terroristas, então Israel não
deverá cumprir unilateralmente a
resolução". Os palestinos comemoraram a aprovação da resolução da ONU. Arafat divulgou comunicado festejando a decisão.
Saeb Erekat, principal negociador
palestino, disse que a resolução
deveria ser imposta à força.
As linhas de telefone dos escritórios de Arafat -única parte de
seu QG que ainda não foi destruída- foram cortadas, de acordo
com autoridades palestinas. Arafat e seus assessores estariam
mantendo contato apenas por celular. Visitas foram proibidas.
Ramallah está sob toque de recolher. Mesmo assim acontecem
manifestações pró-Arafat. Há
protestos também em outras cidades palestinas. Em Gaza, cerca
de 30 mil foram às ruas para protestar contra as ações israelenses.
Na ofensiva israelense em Gaza
ontem, foram utilizados 90 tanques, escoltados por helicópteros.
Dos nove mortos, seis eram civis e
três, militantes extremistas. Israel
afirma ter destruído 13 fábricas de
bomba. Ao menos 1.564 palestinos e 600 israelenses morreram
na Intifada.
Com agências internacionais
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