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Estudo liga falha
diplomática a
aversão aos EUA
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O medo dos EUA e a falta de
confiança em suas políticas cresceram tanto em várias partes do
mundo desde a Guerra do Iraque
que líderes mundiais têm cada vez
mais dificuldade em apoiar os esforços americanos, segundo um
estudo patrocinado pelo Council
on Foreign Relations (EUA), publicado na última segunda-feira.
"A piora do antiamericanismo é
grave e tem de ser combatida por
Washington", afirmou à Folha
David Morey, um dos autores do
texto -chamado "Finding America's Voice: a Strategy for Reinvigorating US Public Diplomacy"
(encontrando a voz da América:
uma estratégia para revigorar a
diplomacia pública dos EUA).
A diplomacia pública "busca
obter apoio popular, no exterior,
a políticas nacionais". Se isso não
for possível, ela tentará "explicar
as políticas e os valores que as definem", segundo Kenneth Waltz,
autor de, entre outros, "Theory of
International Politics".
"É claro que o antiamericanismo ameaça a segurança dos EUA.
Seu recrudescimento mina a capacidade de alguns líderes mundiais, como o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, de colaborar mais ativamente com o
combate ao terrorismo liderado
por Washington", avaliou Waltz.
O relatório elogiou a criação do
Escritório da Casa Branca para
Comunicação Global e o financiamento de programas de rádio e de
TV em árabe e em persa. Porém
afirmou que a diplomacia pública
vem sendo negligenciada. "Num
mundo em que a segurança depende, em parte, da percepção
das políticas de um país, é sério
que a diplomacia pública não seja
valorizada", apontou Morey.
Ele lembrou, contudo, que a
tendência existe desde o presidente Ronald Reagan (1981-1989).
"Não seria justo culpar a Doutrina
Bush pela deterioração da imagem dos EUA. Desde o fim do governo Reagan, os gastos com a diplomacia pública vêm caindo."
Para Waltz, isso reflete o fim da
Guerra Fria. "Muitos pensaram
que, com a aparente vitória do
Ocidente, não era mais preciso
"vender" os valores dos EUA. Em
tempos de paz, as empresas fazem
isso tão bem quanto o governo, o
que causou certa acomodação."
O relatório fez algumas sugestões a George W. Bush: adequar
sua política externa a "preocupações mais sensíveis com a diplomacia pública", aperfeiçoar "estratégias de comunicação em outros países" e dar "treinamento
específico a embaixadores".
Segundo Peter Duignan, do Instituto Hoover (EUA), a Doutrina
Bush em si não causa a deterioração da imagem dos EUA no exterior. "O problema não é a doutrina, mas o tom de sua aplicação."
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