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Furacões crescem com aquecimento global, diz especialista britânico
MICHAEL McCARTHY
DO "INDEPENDENT"
Os furacões superpoderosos
que atingem os EUA são evidências incontestáveis do aquecimento global, diz um dos mais
importantes cientistas britânicos.
A crescente violência de ciclones como o Katrina, que destruiu
Nova Orleans, e o Rita, que assusta o Texas, deve resultar das mudanças climáticas, diz sir John
Lawton, presidente da Comissão
Real de Poluição Ambiental.
Para ele, os furacões se intensificam, como os modelos computadorizados previram, em função
da elevação da temperatura do
mar. "A intensidade crescente
desse tipo de tempestades extremas muito provavelmente se deve
ao aquecimento global."
Em uma série de comentários
muito francos em que fez um ataque pouco velado à administração Bush, Lawton criticou os neoconservadores americanos que
ainda negam a realidade das
transformações climáticas.
Referindo-se à chegada do furacão Katrina, ele disse: "Se isso fizer os malucos climáticos nos
EUA compreenderem que temos
um problema, então algo de bom
terá saído de uma situação verdadeiramente pavorosa".
Enquanto ele falava, pessoas fugiam da costa do Texas e o Rita,
um dos furacões mais intensos da
história, aproximava-se de Houston, a quarta maior cidade dos
EUA.
Sobre que conclusão o governo
Bush deveria tirar do fato de dois
furacões de intensidade tão alta
atingirem os EUA em rápida sucessão, sir John disse: "Se aquilo
que, ao que tudo indica, será um
caos horroroso levar os céticos
americanos extremos em relação
às mudanças climáticas a reconsiderarem suas opiniões, isso será
um resultado de grande valor".
Quanto ao fato de chamar esses
céticos de "malucos", ele respondeu: "Existe um grupo de pessoas
em várias partes do mundo [...]
que não quer aceitar que as atividades humanas podem modificar
o clima e estão modificando.
Comparo-as às pessoas que negam que cigarro provoca câncer".
Os comentários de sir John seguem pesquisas recentes, boa
parte delas de origem americana,
que indicam que a violência dos
furacões vem aumentando.
Um artigo de pesquisadores
americanos publicado na semana
passada no periódico americano
"Science" mostra que nos últimos
35 anos dobrou a incidência de
tempestades com a intensidade
do furacão Katrina.
Embora a frequência global das
tempestades tropicais em todo o
mundo mantenha-se estável desde 1970, o número de tempestades extremas, de categoria 4 ou 5,
subiu muito. Na década de 1970,
ocorriam em média dez furacões
de categoria 4 ou 5 por ano, mas,
desde 1990, a média atingiu 18 por
ano. Durante o mesmo período, a
temperatura da superfície do mar,
um dos fatores que determinam a
intensidade dos furacões, aumentou em média 0,5 grau centígrado.
Segundo Lawton, "cada vez
mais, parece que temos uma prova inegável. É justo concluir que o
aquecimento global, provocado
em grande medida pelo homem,
provoca o aumento da temperatura superficial do mar e o aumento da violência dos furacões".
Tradução de Clara Allain
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