São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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EUA voltam a ser acusados de tortura e abusos

DA REDAÇÃO

A organização Human Rights Watch (HRW) divulgou ontem um informe em que acusa tropas norte-americanas de submeter prisioneiros iraquianos a tortura e maus-tratos numa base militar próxima a Faluja (Iraque central). O relatório é apoiado pelo testemunho de soldados dos EUA.
Segundo o informe da HRW intitulado "Falha de Liderança: Relatos de Primeira Mão de Tortura de Prisioneiros Iraquianos pela 82ª Divisão Aerotransportada", as torturas foram cometidas em obediência a ordens de superiores ou com a aprovação dos comandantes.
Três membros do Exército -dois sargentos e um capitão- descrevem como, nos anos de 2003 e 2004, torturas e maus-tratos eram aplicados rotineiramente a prisioneiros na base. Num dos incidentes relatados, um soldados supostamente quebrou a perna de um iraquiano com um taco de beisebol. Os prisioneiros eram obrigados a segurar jarros de água com os braços estendidos e sofriam outros castigos físicos até desmaiarem.
Os soldados aplicavam substâncias químicas irritantes na pele e nos olhos dos detidos, os mantinham em posições incômodas, os impediam de dormir e os submetiam a temperaturas extremas de frio e calor. Os prisioneiros eram amontoados em pirâmides e passavam longos períodos sem comida e bebida, diz o relatório.
Os militares dizem ainda que viram práticas semelhantes em outra base no Iraque e no Afeganistão. Segundo eles, os abusos não eram cometidos só em interrogatórios e que às vezes serviam para os soldados "aliviarem seus nervos".
"Todo mundo no acampamento sabia que, para aliviar as frustrações, bastava ir à área onde se cometiam os abusos", disse um sargento à HRW. "Era como um esporte."
O relatório conclui que as torturas foram o resultado de deficiências da liderança civil e da militar bem como da "confusão sobre as normas de interrogatório e da aplicação das convenções de Genebra".
Além disso, o nível de torturas "contradiz a afirmação da administração [do presidente George W. Bush] de que os abusos cometidos pelas forças dos EUA foram pouco freqüentes e excepcionais".
"A administração pediu que os soldados arrancassem informações dos detidos sem lhes dizer o que era permitido e o que era proibido", avaliou Tom Malinowski, diretor da HRW.
Um dos militares que passaram informações à HRW disse que por 17 meses expressou preocupação com o que ocorria a seus superiores que o aconselharam a "pensar em sua carreira".

Iraque
Um juiz iraquiano decretou ontem a prisão de dois soldados britânicos que foram libertados de uma prisão iraquiana numa operação militar conduzida por seus colegas de farda. Os britânicos são acusados de matar um policial iraquiano. A Grã-Bretanha não reconhece a autoridade da Justiça iraquiana para julgar seus soldados.


com agências internacionais


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