|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para EUA, meta
não é ter força, mas influência
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
A aproximação entre EUA e Paraguai se insere em um programa
estratégico da Casa Branca de aumentar sua influência na região,
mas não passa necessariamente
por maior presença física de soldados na área da Tríplice Fronteira, insistentemente apontada por
Washington como pólo de financiamento de grupos supostamente vinculados a ações terroristas.
Nesse contexto, os exercícios de
treinamento entre militares americanos e paraguaios são apenas
mais uma peça no quebra-cabeças que envolve diversos órgãos
do governo dos EUA na chamada
"guerra ao terror", diretriz máxima da administração de George
W. Bush após o 11 de Setembro.
Interessados em ampliar o fluxo
de informações com os paraguaios, os EUA vêm promovendo
diversas ações bilaterais, como os
exercícios militares, o estudo de
abertura de um posto avançado
do FBI e o incremento no intercâmbio de dados de inteligência,
tema que a CIA não comenta oficialmente.
Como não se trata de uma guerra convencional, a construção de
uma base militar ou a instalação
permanente de tropas americanas no país é descartada pelo Pentágono. O mais importante, e necessário dentro da estratégia de
Washington, é a cooperação com
autoridades paraguaias, intensificada nos últimos meses.
"Não há planos para basear soldados americanos no Paraguai
por períodos extensos", afirma o
Departamento de Defesa. Os
exercícios conjuntos que vêm
sendo realizados no país desde
agosto, por períodos de duas semanas, são chamados pelo departamento de "exercícios humanitários". "Estamos satisfeitos com
a ativa cooperação do Paraguai na
luta contra o terrorismo", acrescenta o Pentágono.
Para um especialista em relações estratégicas ouvido pela Folha, atualmente os paraguaios
cooperam "em praticamente tudo" com os EUA. Incluindo troca
de informações sobre grupos vistos pelos americanos como vinculados a terrorismo e sobre a colônia árabe da região da Tríplice
Fronteira, por exemplo.
Os exercícios militares servem,
de acordo com o especialista, para
que os EUA acumulem informações sobre o modo de atuação de
militares paraguaios, além de
promoverem uma abordagem
mais pragmática e suave a respeito de atividades contra grupos
terroristas. Sensibiliza os paraguaios, atrai seu interesse pelo tema e acumula dados sobre a atuação de suas forças armadas, diz.
Já no círculo diplomático estrangeiro, cujo acesso a documentos e ao governo americano é
maior, há poucos que temem o
avanço das relações EUA-Paraguai como algo perigoso para o
Brasil. Servidores do Itamaraty
ouvidos pela Folha em Washington manifestam mais interesse
em descobrir se o "pacote" envolve alguma negociação comercial.
Texto Anterior: Rugido paraguaio: Militarização é "péssima idéia", diz Garcia Próximo Texto: Artigo: Paraguai-EUA: irresponsabilidade e aventureirismo Índice
|