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Brasil rechaça comunicado de governo Micheletti
DO ENVIADO A PITTSBURGH
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Questionado ontem em
Pittsburgh (EUA), onde participa de reunião do G20, sobre a
nota do governo golpista de
Honduras que acusa o Brasil de
ter arquitetado o retorno do
presidente deposto Manuel Zelaya, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva foi sucinto: "Vocês
têm que acreditar num golpista
ou em mim".
Em Brasília, o chefe do Departamento de América Central e Caribe do Itamaraty, embaixador Gonçalo Mourão, disse que o Brasil se recusa a receber a nota do governo de fato de
Honduras porque não o reconhece como governo de direito.
"O Brasil entende que o presidente é o sr. Manuel Zelaya,
não quem deu um golpe de Estado", disse Mourão.
Coube ao subsecretário-geral para a América do Sul, embaixador Ênio Cordeiro, rebater a acusação contida na nota
de que o ato de Zelaya de voltar
e se refugiar na embaixada brasileira foi "promovido e consentido" pelo governo Lula:
"Não foi promovido por nós, foi
consentido. O presidente Zelaya é hóspede do governo brasileiro", afirmou.
Cordeiro foi quem articulou
as ligações telefônicas entre
Itamaraty, Planalto, Nova York
e o avião presidencial (que voava com o presidente Lula para
os EUA) quando Zelaya se refugiou na embaixada.
Ele insistiu ontem na mesma
informação que vem sendo dada pelo governo brasileiro e pelo próprio Zelaya: a de que o
Brasil nem articulou e nem
mesmo sabia das intenções do
presidente deposto.
Os dois embaixadores disseram que a situação dentro da
embaixada está razoavelmente
normalizada, com água, luz e
telefone, que chegaram a ser
cortados na terça-feira, reestabelecidos. O único dado de
apreensão foi na noite de anteontem, quando a energia foi
suspensa por alguns instantes,
voltando logo em seguida.
O porta-voz da Presidência,
Marcelo Baumbach, disse que
Zelaya pode ficar o tempo que
quiser na embaixada brasileira
em Tegucigalpa, mas ressaltou
que o Brasil não concorda que o
local seja utilizado para "conchavos políticos".
"É claro que o presidente Zelaya ficará na embaixada brasileira o quanto for necessário
até que se resolva a situação. O
Brasil deu abrigo para o presidente Zelaya, ele corre o risco
de ser preso ao sair da embaixada", disse Baumbach, que complementou: "Esse uso da embaixada para conchavos, fins
políticos não é autorizado".
Quanto aos apoiadores de
Zelaya que estão com ele dentro da embaixada, Baumbach
disse que o governo brasileiro
não vai selecionar quem precisa ou não de proteção.
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