São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Brasil rechaça comunicado de governo Micheletti

DO ENVIADO A PITTSBURGH
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Questionado ontem em Pittsburgh (EUA), onde participa de reunião do G20, sobre a nota do governo golpista de Honduras que acusa o Brasil de ter arquitetado o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi sucinto: "Vocês têm que acreditar num golpista ou em mim".
Em Brasília, o chefe do Departamento de América Central e Caribe do Itamaraty, embaixador Gonçalo Mourão, disse que o Brasil se recusa a receber a nota do governo de fato de Honduras porque não o reconhece como governo de direito.
"O Brasil entende que o presidente é o sr. Manuel Zelaya, não quem deu um golpe de Estado", disse Mourão.
Coube ao subsecretário-geral para a América do Sul, embaixador Ênio Cordeiro, rebater a acusação contida na nota de que o ato de Zelaya de voltar e se refugiar na embaixada brasileira foi "promovido e consentido" pelo governo Lula: "Não foi promovido por nós, foi consentido. O presidente Zelaya é hóspede do governo brasileiro", afirmou.
Cordeiro foi quem articulou as ligações telefônicas entre Itamaraty, Planalto, Nova York e o avião presidencial (que voava com o presidente Lula para os EUA) quando Zelaya se refugiou na embaixada.
Ele insistiu ontem na mesma informação que vem sendo dada pelo governo brasileiro e pelo próprio Zelaya: a de que o Brasil nem articulou e nem mesmo sabia das intenções do presidente deposto.
Os dois embaixadores disseram que a situação dentro da embaixada está razoavelmente normalizada, com água, luz e telefone, que chegaram a ser cortados na terça-feira, reestabelecidos. O único dado de apreensão foi na noite de anteontem, quando a energia foi suspensa por alguns instantes, voltando logo em seguida.
O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, disse que Zelaya pode ficar o tempo que quiser na embaixada brasileira em Tegucigalpa, mas ressaltou que o Brasil não concorda que o local seja utilizado para "conchavos políticos".
"É claro que o presidente Zelaya ficará na embaixada brasileira o quanto for necessário até que se resolva a situação. O Brasil deu abrigo para o presidente Zelaya, ele corre o risco de ser preso ao sair da embaixada", disse Baumbach, que complementou: "Esse uso da embaixada para conchavos, fins políticos não é autorizado".
Quanto aos apoiadores de Zelaya que estão com ele dentro da embaixada, Baumbach disse que o governo brasileiro não vai selecionar quem precisa ou não de proteção.


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