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Golpistas convidam Carter para mediar crise
Ex-presidente americano recusa o convite e expressa o seu apoio aos esforços de negociação promovidos pela OEA
FMI decide que só reconhece governo Zelaya, o que significa suspensão de repasse de US$ 164 mi ao qual Honduras teria direito
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O líder do regime golpista de
Honduras, Roberto Micheletti,
convidou o ex-presidente americano Jimmy Carter (1977-1981) para mediar o conflito entre ele e Manuel Zelaya, o presidente deposto hondurenho,
atualmente vivendo como hóspede na Embaixada do Brasil
em Tegucigalpa.
A informação foi dada pela
porta-voz de Carter, Deanna
Congileo, que disse que o ex-presidente não aceitou o convite e expressou apoio ao mediador apontado pela Organização
dos Estados Americanos
(OEA), o presidente da Costa
Rica, Óscar Arias. O democrata
está à frente do Centro Carter,
em Atlanta, que atua como observador em eleições e medeia
crises internacionais.
O convite de Micheletti a
Carter teria sido feito depois de
o ex-presidente telefonar para
os golpistas e se oferecer para
ajudar. Ganhador do Prêmio
Nobel da Paz como Arias, Carter disse que viajaria a Honduras com o costa-riquenho e o
grupo de chanceleres que a
OEA planeja enviar para ajudar
nas negociações.
"O presidente Carter está em
contato com o governo hondurenho [referindo-se ao regime
golpista] para expressar sua
preocupação com a atual situação", disse Deanna Congileo.
"Ele não está se oferecendo como mediador, mas apoiando a
mediação do presidente Óscar
Arias e da missão da OEA."
Depois de a notícia vir a público, a Secretaria das Relações
Exteriores do regime golpista
soltou nota em que diz que escreveu à Secretaria-Geral da
OEA para comunicar "a continuação do diálogo sobre a situação em Honduras".
No mesmo texto, afirma ter
aceitado tanto "a proposta do
presidente Jimmy Carter", sem
especificar qual seja, como a
missão integrada por Arias e o
vice-presidente do Panamá,
Juan Carlos Varela.
Se ocorrer, não será a primeira incursão do ex-presidente
democrata em crises latino-americanas recentes. Em junho de 2008, Carter mediou
tentativa de acordo entre Colômbia e Equador, com relações diplomáticas rompidas
após ataque colombiano a
acampamento das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia) no Equador.
Embora os dois governos tenham soltado nota na época em
que confirmavam a disposição
de retomar as relações, o fato é
que isso ainda não aconteceu.
Seja como for, o Departamento de Estado diz ver com
bons olhos a tentativa de mediação entre as partes. "Estamos concentrados no grupo de
ministros das Relações Exteriores da OEA", disse Ian Kelly.
"Esperamos que o presidente
Arias continue envolvido."
A Chancelaria americana definiu a situação naquele país como "calma, porém tensa" e se
disse satisfeita com relatos de
que o fornecimento de água e
eletricidade tinha sido restabelecido na Embaixada do Brasil.
FMI
Ontem ainda, o Fundo Monetário Internacional (FMI)
soltou comunicado em que reconhece o de Zelaya como o governo de Honduras. "Nas últimas semanas, o Fundo consultou seus membros via diretores-executivos", diz o comunicado. "Baseado nessa consulta,
a gerência do FMI determinou
que vai reconhecer o governo
do presidente Zelaya como o
governo de Honduras."
O Fundo faz isso quase três
meses após o golpe de Estado. A
decisão significa a suspensão
de um repasse de US$ 164 milhões ao qual Honduras teria
direito.
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