São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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OEA e Brasil enviam missão para buscar diálogo

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PITTSBURGH

Uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) embarca hoje ou amanhã para Tegucigalpa, para tentar provocar o diálogo entre o presidente deposto Manuel Zelaya e o presidente golpista Roberto Micheletti. A informação é do embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, que está em Pittsburgh acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além do secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, uma presença certa na missão será a de um diplomata brasileiro de alto nível, em princípio o representante na OEA, Ruy Casaes. Irão também chanceleres latino-americanos que Patriota não especificou porque os nomes ainda não estão definidos.
A versão de Zelaya para seu retorno a Honduras é precisamente a de buscar o diálogo com quem o sucedeu depois de um golpe. Mas Patriota reconhece que, "sem presença internacional, é difícil que o diálogo ocorra".
Sempre segundo o embaixador brasileiro, o objetivo do diálogo seria obter a aceitação para o plano do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que já tem a concordância de Zelaya, mas não a dos golpistas.
O plano prevê, no seu ponto central, a volta de Zelaya ao poder e a formação de um governo de conciliação nacional envolvendo os principais atores do drama político hondurenho.
Para o assessor diplomático do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, a volta de Zelaya mudou o quadro: "Criou um constrangimento para os golpistas que estavam tentando empurrar com a barriga até as eleições [marcadas para novembro]".
Marco Aurélio negou, mais uma vez, qualquer participação brasileira no esquema do regresso de Zelaya, usando na essência os mesmos argumentos contidos na entrevista que concedeu a Eliane Cantanhêde, desta Folha, publicada ontem.
O assessor diplomático de Lula insiste em que a teoria da participação brasileira é "uma cortina de fumaça, uma maneira disfarçada de apoiar o golpe em Honduras".
Marco Aurélio vê ameaças à democracia que vão além de Honduras. Diz que houve "mobilização de caráter golpista na Guatemala", talvez se referindo a um episódio ainda obscuro em que o presidente Álvaro Colón foi acusado de assassinato pela própria vítima, em vídeo gravado obviamente antes de ser morto.
Coerente com esse raciocínio, o assessor de Lula diz que, "se não houver uma atitude enérgica, estaremos estimulando esse tipo de atitude".
Termina com uma cutucada nos críticos da posição brasileira em Honduras: "Os aprendizes de gorila deveriam ser mais discretos do que têm sido".


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