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OEA e Brasil enviam missão para buscar diálogo
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PITTSBURGH
Uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) embarca hoje ou amanhã
para Tegucigalpa, para tentar
provocar o diálogo entre o presidente deposto Manuel Zelaya
e o presidente golpista Roberto
Micheletti. A informação é do
embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, que
está em Pittsburgh acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além do secretário-geral da
OEA, o chileno José Miguel Insulza, uma presença certa na
missão será a de um diplomata
brasileiro de alto nível, em
princípio o representante na
OEA, Ruy Casaes. Irão também
chanceleres latino-americanos
que Patriota não especificou
porque os nomes ainda não estão definidos.
A versão de Zelaya para seu
retorno a Honduras é precisamente a de buscar o diálogo
com quem o sucedeu depois de
um golpe. Mas Patriota reconhece que, "sem presença internacional, é difícil que o diálogo ocorra".
Sempre segundo o embaixador brasileiro, o objetivo do
diálogo seria obter a aceitação
para o plano do presidente da
Costa Rica, Óscar Arias, que já
tem a concordância de Zelaya,
mas não a dos golpistas.
O plano prevê, no seu ponto
central, a volta de Zelaya ao poder e a formação de um governo
de conciliação nacional envolvendo os principais atores do
drama político hondurenho.
Para o assessor diplomático
do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, a volta de Zelaya
mudou o quadro: "Criou um
constrangimento para os golpistas que estavam tentando
empurrar com a barriga até as
eleições [marcadas para novembro]".
Marco Aurélio negou, mais
uma vez, qualquer participação
brasileira no esquema do regresso de Zelaya, usando na essência os mesmos argumentos
contidos na entrevista que concedeu a Eliane Cantanhêde,
desta Folha, publicada ontem.
O assessor diplomático de
Lula insiste em que a teoria da
participação brasileira é "uma
cortina de fumaça, uma maneira disfarçada de apoiar o golpe
em Honduras".
Marco Aurélio vê ameaças à
democracia que vão além de
Honduras. Diz que houve "mobilização de caráter golpista na
Guatemala", talvez se referindo a um episódio ainda obscuro
em que o presidente Álvaro Colón foi acusado de assassinato
pela própria vítima, em vídeo
gravado obviamente antes de
ser morto.
Coerente com esse raciocínio, o assessor de Lula diz que,
"se não houver uma atitude
enérgica, estaremos estimulando esse tipo de atitude".
Termina com uma cutucada
nos críticos da posição brasileira em Honduras: "Os aprendizes de gorila deveriam ser mais
discretos do que têm sido".
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