São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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EUA

Muhammad, um dos detidos, recebeu insígnia de "pontaria exímia" do Exército; rifle é o mesmo do "atirador de Washington"

Polícia prende dois com arma dos crimes

DA REDAÇÃO

Um veterano da Guerra do Golfo descrito como um atirador de elite e um adolescente foram presos juntos na madrugada de ontem no caso dos assassinatos recentes na área de Washington.
Os dois foram detidos enquanto dormiam em um carro em uma área de repouso de uma estrada no interior de Maryland, e autoridades encontraram mais tarde um fuzil Bushmaster, de calibre .223 no carro. Segundo as autoridades, trata-se da arma usada pelo atirador contra suas 13 vítimas.
Fontes no governo dos EUA identificaram os dois como o ex-soldado John Allen Muhammad, 42, e John Lee Malvo, 17. Eles não foram imediatamente acusados pelos crimes do "atirador de Washington", como ficou conhecida a pessoa que matou dez pessoas e feriu três nos Estados de Maryland e Virgínia e na capital americana desde o último dia 2.
Ambos foram levados ontem a um tribunal federal em Baltimore.
Procuradores de Maryland marcaram uma reunião para hoje para decidir quais acusações seriam registradas contra os dois. Mas, ainda ontem, Muhammad já foi indiciado por violação da lei de posse de armas de fogo.
"Estamos sendo muito cautelosos a respeito disso", disse um funcionário do Departamento da Justiça ao ser indagado se os dois detidos eram os atiradores.
No Condado de Montgomery (Maryland), onde a investigação sobre o caso está baseada e seis vítimas morreram, o procurador estadual Douglas Gansler foi mais assertivo. "Há um forte sentimento de que essas pessoas estão relacionadas aos crimes", disse Gansler em uma entrevista a uma rádio local.
Aparentemente, a polícia estava seguindo pistas no Alabama, onde Malvo é suspeito em um caso de latrocínio ocorrido diante de uma loja de bebidas em 21 de setembro, e no Estado de Washington (costa oeste dos EUA), em Bellingham, perto de Fort Lewis, onde Muhammad ficou baseado durante parte de sua carreira militar. Acredita-se que ambos estivessem morando no Estado de Washington até recentemente.
Muhammad, que se converteu ao islã há 17 anos e mudou seu nome de John Allen Williams no ano passado, era um "exímio atirador" que serviu como engenheiro de combate na Guerra do Golfo (1991), disse um alto funcionário do Departamento da Defesa dos EUA, que pediu para não ser identificado (leia texto ao lado).
O fuzil semi-automático encontrado no carro dos suspeitos havia sido vendido a um distribuidor no Estado de Washington em junho e provavelmente custou de US$ 700 a US$ 800.
O chefe da polícia de Bellingham, Randy Carroll, disse que há relatos de que Muhammad e Malvo tenham "ficado juntos" em Bellingham, hospedando-se às vezes em um abrigo de sem-teto.
"Parece que essas pessoas que foram detidas não estão agindo com nenhum grupo. Parece que eles agiam sozinhos", afirmou.
Muhammad afirmava ser pai de Malvo, mas a relação entre os dois não estava clara, afirmou ele.
O chefe da polícia de Montgomery (Alabama), John Wilson, afirmou que havia "semelhanças muito boas" entre um esboço de Malvo e o suspeito no caso da loja de bebidas em sua cidade, mas acrescentou que a bala usada no Alabama não era a mesma usada nos crimes perto de Washington.
Anteontem, agentes do FBI revistaram uma propriedade em Tacoma (Estado de Washington) e levaram embora um toco de árvore que pode ter sido usado como alvo para treinar tiro. Eles também fizeram perguntas sobre os dois na vizinha Bellingham.
Muhammad e Malvo foram presos na madrugada de ontem em Maryland, 100 km a noroeste de Washington, enquanto dormiam em um carro que correspondia a uma descrição da polícia divulgada horas antes. Eles não ofereceram resistência.


Com agências internacionais



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