São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL

A partir de hoje, candidato democrata terá a seu lado o seu mais poderoso cabo eleitoral, que estava afastado por problemas cardíacos

Clinton volta e tenta impulsionar Kerry

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

A oito dias da eleição presidencial, a campanha de John Kerry recebe de volta seu mais poderoso cabo eleitoral. O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) participa hoje de um comício na Pensilvânia, um dos Estados decisivos para o pleito deste ano e onde o democrata está abrindo vantagem.
Um cenário atualizado diariamente pelo jornal "USA Today" com base em diferentes pesquisas mostrava ontem Kerry com 51% das preferências no Estado, enquanto o presidente George W. Bush tinha 46% -pela primeira vez, uma diferença fora da margem de erro. Mas outros levantamentos, diz o jornal, ainda indicam empate.
Subir ao palanque com Clinton pode ajudar Kerry a consolidar essa vantagem crucial. Dos 13 Estados onde o resultado ainda não está definido, a Pensilvânia é o que tem o segundo maior número de assentos no colégio eleitoral, 21, atrás apenas da Flórida, dona de 27. Pelo sistema americano, quem vence a votação popular em um Estado leva todos os votos que ele possui no colégio, onde a eleição é definida.
O comício de hoje ocorre em um parque na Filadélfia, a maior cidade do Estado, e marca a volta de Clinton após seis semanas longe de eventos eleitorais por conta de uma cirurgia cardíaca. Seu afastamento havia sido considerado por muitos observadores um duro golpe para a campanha democrata.
O ex-presidente goza de boa popularidade ante o eleitorado e é considerado uma das figuras políticas mais carismáticas dos EUA -uma qualidade da qual Kerry carece. O partido conta com ele não para tomar votos de Bush, mas para convencer eleitores indecisos e para levar mais eleitores registrados como democratas às urnas no próximo dia 2 (o voto nos EUA não é obrigatório).
"[A presença de Clinton] é algo que só tem a acrescentar", comentou o estrategista republicano Roger Stone em entrevista à agência de notícias Reuters. "Clinton pode ajudar a convencer indecisos ao lembrá-los que, durante seu governo, democrata, a economia estava bem e o país estava em paz", disse o estrategista democrata Hank Sheinkopf, também citado pela Reuters. Com a corrida tão acirrada -todas as pesquisas mostram a diferença entre os dois candidatos dentro da margem de erro- esses votos serão fundamentais.
Além disso, Clinton tem uma base eleitoral sólida entre os negros e as mulheres, cujos votos são especialmente cobiçados em Estados decisivos como a Flórida, Ohio e a própria Pensilvânia.
Desde que encerrou seu mandato, em 2001, Clinton continuou exercendo forte influência dentro do Partido Democrata e um grande fascínio popular -sua autobiografia, "Minha Vida", tornou-se um best-seller instantâneo em junho, e sua presença na convenção democrata, em julho, foi considerada a maior atração dos três dias de evento em Boston.

Estados-chave
As estratégias de ambos os candidatos para a última semana de campanha prevêem grandes discursos de encerramento sobre os temas mais debatidos dessa eleição e foco nos poucos Estados onde o resultado não está definido.
Segundo o jornal "The New York Times", Bush e Kerry gastarão virtualmente todo o tempo que resta -e boa parte do dinheiro para comerciais eleitorais- nesses Estados. Além disso, funcionários de comitês eleitorais e fiscais de apuração estão sendo remanejados.
Entre os Estados decisivos, o "Times" contabiliza também o Colorado, onde Bush mantém uma vantagem média de seis pontos em sucessivas pesquisas, mas que os democratas ainda consideram reversível. Completam a lista Flórida, Pensilvânia, Ohio, Michigan, Wiscosin, Minnesota, Iowa, Novo México, Nevada e New Hampshire. Diferentemente do cenário do "USA Today", o Times afirma que, apesar das diferenças apertadas, os votos do Maine e do Havaí já estariam definidos para Kerry e os do Arkansas, para Bush.
Ontem Kerry esteve na Flórida, e Bush no Novo México, invertendo os roteiros da véspera. Hoje, enquanto o democrata aparece com Clinton na Pensilvânia, o republicano faz comícios no Colorado e em Iowa.


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