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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL
A partir de hoje, candidato democrata terá a seu lado o seu mais poderoso cabo eleitoral, que estava afastado por problemas cardíacos
Clinton volta e tenta impulsionar Kerry
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
A oito dias da eleição presidencial, a campanha de John Kerry
recebe de volta seu mais poderoso
cabo eleitoral. O ex-presidente
Bill Clinton (1993-2001) participa
hoje de um comício na Pensilvânia, um dos Estados decisivos para o pleito deste ano e onde o democrata está abrindo vantagem.
Um cenário atualizado diariamente pelo jornal "USA Today"
com base em diferentes pesquisas
mostrava ontem Kerry com 51%
das preferências no Estado, enquanto o presidente George W.
Bush tinha 46% -pela primeira
vez, uma diferença fora da margem de erro. Mas outros levantamentos, diz o jornal, ainda indicam empate.
Subir ao palanque com Clinton
pode ajudar Kerry a consolidar
essa vantagem crucial. Dos 13 Estados onde o resultado ainda não
está definido, a Pensilvânia é o
que tem o segundo maior número
de assentos no colégio eleitoral,
21, atrás apenas da Flórida, dona
de 27. Pelo sistema americano,
quem vence a votação popular em
um Estado leva todos os votos que
ele possui no colégio, onde a eleição é definida.
O comício de hoje ocorre em
um parque na Filadélfia, a maior
cidade do Estado, e marca a volta
de Clinton após seis semanas longe de eventos eleitorais por conta
de uma cirurgia cardíaca. Seu
afastamento havia sido considerado por muitos observadores
um duro golpe para a campanha
democrata.
O ex-presidente goza de boa popularidade ante o eleitorado e é
considerado uma das figuras políticas mais carismáticas dos EUA
-uma qualidade da qual Kerry
carece. O partido conta com ele
não para tomar votos de Bush,
mas para convencer eleitores indecisos e para levar mais eleitores
registrados como democratas às
urnas no próximo dia 2 (o voto
nos EUA não é obrigatório).
"[A presença de Clinton] é algo
que só tem a acrescentar", comentou o estrategista republicano Roger Stone em entrevista à
agência de notícias Reuters.
"Clinton pode ajudar a convencer
indecisos ao lembrá-los que, durante seu governo, democrata, a
economia estava bem e o país estava em paz", disse o estrategista
democrata Hank Sheinkopf, também citado pela Reuters. Com a
corrida tão acirrada -todas as
pesquisas mostram a diferença
entre os dois candidatos dentro
da margem de erro- esses votos
serão fundamentais.
Além disso, Clinton tem uma
base eleitoral sólida entre os negros e as mulheres, cujos votos
são especialmente cobiçados em
Estados decisivos como a Flórida,
Ohio e a própria Pensilvânia.
Desde que encerrou seu mandato, em 2001, Clinton continuou
exercendo forte influência dentro
do Partido Democrata e um grande fascínio popular -sua autobiografia, "Minha Vida", tornou-se um best-seller instantâneo em
junho, e sua presença na convenção democrata, em julho, foi considerada a maior atração dos três
dias de evento em Boston.
Estados-chave
As estratégias de ambos os candidatos para a última semana de
campanha prevêem grandes discursos de encerramento sobre os
temas mais debatidos dessa eleição e foco nos poucos Estados onde o resultado não está definido.
Segundo o jornal "The New
York Times", Bush e Kerry gastarão virtualmente todo o tempo
que resta -e boa parte do dinheiro para comerciais eleitorais-
nesses Estados. Além disso, funcionários de comitês eleitorais e
fiscais de apuração estão sendo
remanejados.
Entre os Estados decisivos, o
"Times" contabiliza também o
Colorado, onde Bush mantém
uma vantagem média de seis pontos em sucessivas pesquisas, mas
que os democratas ainda consideram reversível. Completam a lista
Flórida, Pensilvânia, Ohio, Michigan, Wiscosin, Minnesota, Iowa,
Novo México, Nevada e New
Hampshire. Diferentemente do
cenário do "USA Today", o Times
afirma que, apesar das diferenças
apertadas, os votos do Maine e do
Havaí já estariam definidos para
Kerry e os do Arkansas, para
Bush.
Ontem Kerry esteve na Flórida,
e Bush no Novo México, invertendo os roteiros da véspera. Hoje,
enquanto o democrata aparece
com Clinton na Pensilvânia, o republicano faz comícios no Colorado e em Iowa.
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