DA REDAÇÃO

O presidente interino Hamid Karzai conseguiu obter a maioria do total dos votos na eleição presidencial afegã ocorrida no dia 9, com mais de 94% da apuração encerrada, tornando-se o primeiro líder eleito democraticamente da história do país.
Seu principal rival, o ex-ministro da Educação Yunus Qanuni, aceitou a derrota, apesar de fazer ressalvas sobre supostas fraudes no pleito. "Para o interesse nacional e para o país não entrar em crise, aceitamos o resultado da eleição", disse Syed Hamid Noori, porta-voz de Qanuni. "Mas também queremos que a fraude seja esclarecida", acrescentou.
Até a noite de ontem, Karzai já possuía 4.240.041 votos, mais da metade do total dos votos válidos (8.129.935), segundo o comissão eleitoral conjunta da ONU e do Afeganistão.
Isso significa que, mesmo que todos os votos que faltam ser apurados -que equivalem a 5,7% do total- sejam para outros candidatos, o presidente interino continuará tendo mais do que 50% da votação.
Contando-se apenas os votos apurados até agora, Karzai tem 55,3%, superando em 39 pontos percentuais Qanuni.
No poder como líder interino desde que as forças americanas derrubaram o regime extremista do Taleban no fim de 2001, Karzai terá um mandato de cinco anos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, principal patrocinador de Karzai, tem no resultado uma boa notícia em meio ao incremento da violência no Iraque.
Karzai é considerado um governante confiável por investidores estrangeiros e tem apoio da população em grandes cidades, especialmente em Cabul, e entre os integrantes de sua etnia, a pashtu -majoritária no Afeganistão.
Seus rivais conseguiram bons resultados entre as etnias às quais eles pertencem. Alguns deles ainda não aceitaram o resultado.
O líder hazara Mohammed Mohaqeq, que está em terceiro lugar na apuração com 11,8%, se recusa a aceitar a derrota. "Ainda é muito cedo", afirmou.
O líder uzbeque Abdul Rashid Dostum, em quarto com 10,3%, disse dias atrás que aceitava a vitória de Karzai. Mas ontem a sua candidata a vice, Chafiga Habibi, voltou a dizer que houve fraude. "Estamos esperando o resultado das investigações", disse ela.
Sultan Baheen, porta-voz da comissão eleitoral, disse que os resultados oficiais serão divulgados quando a apuração acabar.
O porta-voz da ONU Manoel de Almeida e Silva afirmou que não foi observado nada de irregular no dia da eleição que possa anular o resultado da votação.

Atentado
Um terrorista suicida se explodiu no sábado em uma rua movimentada de Cabul, matando uma mulher americana e uma menina afegã. Três funcionários islandeses das forças de paz ficaram feridos. Um suposto porta-voz do Taleban assumiu o ataque e acrescentou que mais missões suicidas estão programadas para ocorrer nos próximos dias.