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IRAQUE SOB TUTELA
Hotéis eram usados por jornalistas estrangeiros e empresários; Constituição iraquiana corre risco de veto
Ataque a hotéis mata ao menos 20 em Bagdá
DA REDAÇÃO
Ao menos 20 pessoas -das
quais ao menos seis civis, de acordo com militares americanos-
morreram no fim da tarde de ontem em um atentado com veículos-bomba perto de dois hotéis
em Bagdá usados por jornalistas
estrangeiros. Até o fechamento
desta edição, a identidade das vítimas não havia sido divulgada.
O assessor de Segurança Nacional do Iraque, Mouwafak al Rubaei, definiu o ataque como uma
tentativa "muito clara" de tomar
o hotel e fazer os jornalistas reféns. Um dos hotéis, o Palestine,
sofreu danos, mas não teve sua estrutura seriamente afetada.
"Três carros vieram por três
ruas diferentes, em uma sucessão
que visava abrir brechas de segurança para os terroristas. Eles [os
terroristas] estavam armados
com granadas-foguetes e armas
leves", disse Rubaei. "Para nós, o
plano ficou claro: tomar o controle dos dois hotéis, fazer dos jornalistas estrangeiros e árabes reféns
e usá-los de moeda de troca."
Para a organização Repórteres
sem Fronteiras, "o atentado prova
que os jornalistas se tornaram um
alvo no Iraque".
Um dos veículos usados no ataque foi uma betoneira. Imagens
feitas pela Associated Press mostram o motorista primeiro dando
ré e avançando algumas vezes, depois dirigindo de encontro aos
muros do Hotel Palestine, antes
de explodir ao lado de um veículo
militar dos EUA vazio.
Um representante do governo
americano em Washington afirmou que nenhuma das vítimas
que morreram estava nos hotéis
no momento do ataque. Sete pessoas no Palestine foram feridas.
Segundo Al Rubaei, pelo menos
40 pessoas foram feridas, sobretudo transeuntes. O vice-ministro
do Interior, Hussein Kamal, disse
que ao menos quatro policiais iraquianos estão entre os mortos.
Além da betoneira-bomba, outros dois carros explodiram momentos antes, quase simultaneamente, aparentemente numa tentativa de desviar as atenções
-um deles atrás da 14ª mesquita
Ramadã, no lado oposto da mesma praça, e outro diante de um
posto policial nas imediações.
A última vez que o Palestine foi
atacado foi em outubro de 2004.
Antes, durante a guerra, o hotel
havia sido atingido por um tiro
disparado por um tanque americano. Dois cinegrafistas, um ucraniano e um espanhol, morreram.
Americano morto
Os EUA anunciaram a morte de
mais um marine no último domingo em Ramadi, a oeste de
Bagdá. Com isso, estão a três baixas da marca psicológica de 2.000
militares mortos desde a invasão
do Iraque, em março de 2003, segundo contagem da Associated
Press. Já o Pentágono contava até
a última sexta 1.983 mortos.
Também ontem, no sul do país,
12 pedreiros iraquianos foram
mortos em Mussayyib.
Constituição em risco
A Comissão Eleitoral Iraquiana
anunciou que mais de dois terços
dos eleitores em duas das 18 governadorias (Províncias) do país
rejeitaram a Constituição. Caso o
resultado se repita em mais uma
Província, a Carta será vetada.
Em Anbar e Saladim, majoritariamente sunitas, o "não" ganhou
com larga vantagem. Em Nineve,
a outra Província onde os seguidores dessa corrente islâmica são
maioria clara, os resultados ainda
não foram totalmente apurados.
Minoritários no Iraque e privilegiados pelo regime de Saddam
Hussein (1979-2003), os sunitas se
opuseram à Carta por se sentirem
marginalizados em sua redação.
Eles citam três problemas: o federalismo (que aumenta a autonomia das regiões e, temem, tira-lhes o acesso ao petróleo, produzido em áreas curdas e xiitas), o
papel do islã no Estado e a proibição de que membros do extinto
partido Baath tenham cargos no
governo. Grande parte dos sunitas pertenceu ao partido.
Com agências internacionais
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