|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Símbolo da invasão, hotel era a nossa casa
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como Bagdá não
pode ser vista como uma cidade normal -a capital iraquiana está sitiada, invadida,
insurgida e sendo destruída
e construída a cada dia-, o
Palestine não é só um hotel.
Tornou-se um símbolo.
Primeiro, para os jornalistas. Quando George W. Bush
deu o ultimato para a família
Hussein deixar o governo ou
"encarar as conseqüências",
em março de 2003, havia
2.000 repórteres em Bagdá.
O primeiro míssil atingiu o
primeiro palácio de Saddam
horas depois; menos de 200
profissionais haviam ficado
na cidade (do Brasil, este repórter e o fotógrafo Juca Varella eram os únicos).
Os que ficamos fomos "seqüestrados" e semiconfinados ao Palestine, entre o bíblico Tigre e a simbólica praça Firdos (paraíso, em árabe). Virou nosso lar, porto
seguro mas cada vez mais
deteriorado na volta noturna das escapadas diárias.
Então, o primeiro golpe.
Em 8 de abril de 2003, um
obus de um tanque norte-americano atingiu o quarto
1504, quatro pisos acima do
nosso, 1104, matando dois
jornalistas e ferindo outros.
O Palestine virara alvo.
No dia seguinte, foi tomado pelos soldados invasores,
que fizeram do edifício a primeira sede do comando militar da coalizão. Virou o
símbolo da invasão.
Hoje, os norte-americanos
fingem que controlam o país
a partir da Zona Verde. E já
não há mais Hotel Palestine.
Texto Anterior: Ataque a hotéis mata ao menos 20 em Bagdá Próximo Texto: Depoimento: "Silêncio opressivo mostrava que algo não ia bem" Índice
|