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Clegg cobra investigação sobre o Iraque
Vice-premiê britânico afirma que relatos de tortura e mortes divulgados pelo site WikiLeaks "são angustiantes'
Contrário à invasão de 2003, o político pede resposta dos EUA, mas não diz se apurará atos dos soldados britânicos
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O vice-premiê britânico,
Nick Clegg, defendeu ontem
a investigação de casos de
abusos de prisioneiros e mortes de civis no Iraque, revelados sexta-feira com a divulgação de documentos secretos pelo site WikiLeaks.
Para Clegg, os relatos de
violência contidos nos quase
400 mil relatórios, grande
parte deles escrita por soldados durante missões, "são
angustiantes de se ler e muito sérios".
Os documentos do Exército americano mostram centenas de casos de torturas contra detentos e mortes cometidos por forças de segurança
iraquianas com a aparente
conivência dos EUA.
Pelo menos dois desses casos teriam contado com o envolvimento de soldados britânicos.
Clegg não mencionou a
possibilidade de investigar
as ações dos soldados de seu
país, apesar de cobrar uma
resposta de Washington.
"A natureza das alegações
feitas são extraordinariamente sérias", disse Clegg
em entrevista à BBC. "Presumo que os EUA irão querer
dar sua própria resposta. Não
cabe a nós dizer a eles como
fazê-lo."
O Reino Unido foi o principal aliado dos EUA na invasão do Iraque, em 2003, mas
o Partido Liberal-Democrata
de Clegg se opôs à guerra.
Os comentários de Clegg
seguiram a mesma linha dos
feitos pelo relator para tortura da ONU, Manfred Novak,
que, anteontem, disse que o
governo de Barack Obama
tem obrigação de responder
às alegações.
Mas, até agora, Washington não se pronunciou sobre
o conteúdo dos documentos.
O Pentágono e a secretária
de Estado, Hillary Clinton,
apenas condenaram a divulgação dos relatórios, que colocaria em risco "soldados e
civis dos EUA e seus aliados".
Anteontem, o fundador do
WikiLeaks, Julian Assange,
disse que tornar públicos os
documentos foi de "imensa
importância" para revelar a
"verdade" sobre o conflito.
IRAQUE
No Iraque, o conselheiro
do partido Iraqiya, Hani Ashur, disse ontem que os documentos são muito precisos
e "provam que o Iraque é um
país sem lei há anos".
Os relatórios revelaram
mais de 66 mil civis iraquianos mortos na guerra.
O Iraqiya venceu as eleições legislativas de março,
mas não conseguiu formar
um governo, gerando um impasse com o atual premiê,
Nuri al Maliki, que tenta se
manter no cargo.
Desde a divulgação dos
dados, partidários de Allawi
tem dito que Maliki não pode
continuar no poder, já que os
abusos revelados pelo WikiLeaks ocorreram de 2004 a
2009 -sob Maliki.
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