São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Clegg cobra investigação sobre o Iraque

Vice-premiê britânico afirma que relatos de tortura e mortes divulgados pelo site WikiLeaks "são angustiantes'

Contrário à invasão de 2003, o político pede resposta dos EUA, mas não diz se apurará atos dos soldados britânicos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O vice-premiê britânico, Nick Clegg, defendeu ontem a investigação de casos de abusos de prisioneiros e mortes de civis no Iraque, revelados sexta-feira com a divulgação de documentos secretos pelo site WikiLeaks.
Para Clegg, os relatos de violência contidos nos quase 400 mil relatórios, grande parte deles escrita por soldados durante missões, "são angustiantes de se ler e muito sérios".
Os documentos do Exército americano mostram centenas de casos de torturas contra detentos e mortes cometidos por forças de segurança iraquianas com a aparente conivência dos EUA.
Pelo menos dois desses casos teriam contado com o envolvimento de soldados britânicos.
Clegg não mencionou a possibilidade de investigar as ações dos soldados de seu país, apesar de cobrar uma resposta de Washington.
"A natureza das alegações feitas são extraordinariamente sérias", disse Clegg em entrevista à BBC. "Presumo que os EUA irão querer dar sua própria resposta. Não cabe a nós dizer a eles como fazê-lo."
O Reino Unido foi o principal aliado dos EUA na invasão do Iraque, em 2003, mas o Partido Liberal-Democrata de Clegg se opôs à guerra.
Os comentários de Clegg seguiram a mesma linha dos feitos pelo relator para tortura da ONU, Manfred Novak, que, anteontem, disse que o governo de Barack Obama tem obrigação de responder às alegações.
Mas, até agora, Washington não se pronunciou sobre o conteúdo dos documentos.
O Pentágono e a secretária de Estado, Hillary Clinton, apenas condenaram a divulgação dos relatórios, que colocaria em risco "soldados e civis dos EUA e seus aliados".
Anteontem, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que tornar públicos os documentos foi de "imensa importância" para revelar a "verdade" sobre o conflito.

IRAQUE
No Iraque, o conselheiro do partido Iraqiya, Hani Ashur, disse ontem que os documentos são muito precisos e "provam que o Iraque é um país sem lei há anos".
Os relatórios revelaram mais de 66 mil civis iraquianos mortos na guerra.
O Iraqiya venceu as eleições legislativas de março, mas não conseguiu formar um governo, gerando um impasse com o atual premiê, Nuri al Maliki, que tenta se manter no cargo.
Desde a divulgação dos dados, partidários de Allawi tem dito que Maliki não pode continuar no poder, já que os abusos revelados pelo WikiLeaks ocorreram de 2004 a 2009 -sob Maliki.


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