São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Jovens dos EUA dão as costas à política

Pesquisa do Instituto de Política de Harvard mostra que só 27% pretendem votar nas legislativas de novembro

Eleição presidencial de 2008 batera recorde de décadas ao atrair mais da metade dos eleitores com idades de 18 a 29

LUCIANA COELHO
EM CAMBRIDGE

A geração do milênio, um vértice da vitória de Barack Obama em 2008, está menos satisfeita com o democrata e perdeu interesse pela campanha deste ano, mostra uma pesquisa do Instituto de Política de Harvard.
Segundo o levantamento, que ouviu 2.004 eleitores de 18 a 29 anos pelo país entre 24 de setembro e 4 de outubro, só 27% dos jovens dizem que vão votar nas legislativas de 2 de novembro.
É uma queda de nove pontos em 11 meses e virtualmente a metade dos 53% que votaram para presidente em 2008, o índice mais alto das últimas décadas.
"Em 2008, a geração do milênio assumiu o controle do seu destino, entrou no processo político e mudou a direção do país", disse John Della Volpe, diretor de pesquisa do instituto.
"Dois anos depois, os desafios que eles enfrentam como geração são enormes", acrescentou, aludindo à crise e ao índice de desemprego nos EUA, que após um pico estacionou na casa dos 10%.
Após participarem ativamente da campanha de Obama, hoje só 18% dos jovens se dizem "engajados", contra 24% em novembro, quando os EUA já estavam mergulhados na crise, diz a pesquisa.
Nascida após 1982, a geração do milênio é vista como mais engajada do que a geração X, que vai do meio dos anos 60 ao começo dos 80. Em termos demográficos, superam a geração anterior na proporção de 2 para 1 e os baby-boomers em 1 milhão.

OBAMA NA BERLINDA
O desânimo dos jovens é uma notícia especialmente ruim para o Partido Democrata, que pode perder maioria na Câmara e no Senado e que era preferido por 2 de cada 3 "milenais" em 2008.
Neste ano, segundo a pesquisa de Harvard, a proporção de jovens que escolhem os democratas caiu para 53% a 42%. Entre os "milenais" que se dizem independentes, 48% preferem uma maioria republicana no Congresso, e 43%, uma democrata.
Mais: a aprovação de Obama nessa fatia da população ficou abaixo da metade (49%) pela primeira vez.
O reflexo é que reeleger Obama em 2012 deixou de ser opção certeira: se 31% ainda preferem o democrata, 30% elegeriam um republicano genérico, e 39% não fazem ideia de sua escolha ainda.
Curiosamente, o movimento conservador Tea Party alavanca o presidente entre os jovens. Numa disputa com Newt Gingrich, Obama bateria o ex-deputado por 44% a 14%; já com Sarah Palin, ele a venceria por 48% a 23%.
A margem de erro é de dois pontos percentuais em ambas as direções.


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