São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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ÍNDIA

Rebeldes islâmicos surpreenderam fiéis em templo hindu; ao menos 32 pessoas ficaram feridas

Terroristas matam 10 hindus na Caxemira

Channi Anand/Associated Press
Policial indiano ferido é carregado próximo ao templo de Raghunath, na Índia, atacado ontem


DA REUTERS

Um grupo de prováveis rebeldes islâmicos irrompeu num templo hinduísta da Caxemira indiana, matando, segundo a polícia, pelo menos dez pessoas.
O atentado ocorreu ontem às 19h locais (10h30, em Brasília). Duas horas depois, policiais ainda trocavam tiros com terroristas nas imediações do templo de Raghunath, construído há 150 anos no centro de Jammu, capital de inverno do disputado Estado de Jammu e Caxemira.
A TV da Índia mostrou imagens de fiéis aterrorizados, correndo em busca de abrigo e cruzando linhas policiais, em meio a disparos de metralhadoras. Segundo a polícia, ao menos 32 pessoas foram feridas no atentado.
O território da Caxemira foi o motivo de 2 das 3 guerras entre Índia e Paquistão e foi também o pretexto para que os dois países se dotassem de armas nucleares e fizessem ameaças de utilizá-las para resolver disputas.
Durante esse período de maior tensão ambos chegaram a reunir 1 milhão de soldados dos dois lados da fronteira. A Índia acusava o Paquistão de estar por detrás do ataque terrorista praticado em dezembro contra seu Parlamento.
Índia e Paquistão formavam até 1947 um território unificado sob o comando colonial britânico. Os dois Estados surgiram após a Guerra Civil desencadeada logo após a independência.
A Caxemira, nas encostas do Himalaia, é de maioria muçulmana do lado indiano. Parte dessa população quer a autonomia política que permita em seguir a anexação ao Estado paquistanês, que é uma república islâmica.

Recado
Além dos indianos mortos ontem em Jammu, a Índia contabilizou 12 outras mortes, com a explosão de uma mina terrestre acionada pelos rebeldes, e que teria sido "um recado" às lideranças políticas que demonstram o desejo de pacificar o conflito.
O ministro-chefe [governador" Mufti Mohammad Syed declarara há dias que a militância radical estava perdendo o fôlego. Dois dos grupos islâmicos pró-Paquistão, o Jamiat-ul-Mujahideen e o Harkat-e-Jehad Islami, reivindicaram a autoria da explosão da mina, que matou um motorista de ônibus, seis soldados, três mulheres e duas crianças.
Algumas lideranças antiislâmicas acreditam que o governador, eleito em outubro, é indiretamente responsável pela nova escalada de violência, na medida em que, em nome da reconciliação, ele tem libertado extremistas que estavam presos, permitindo que eles voltem a cometer atentados.

Conciliação de Syed
Embora mantenha a lealdade de seu governo a Nova Déli, a coligação formada por Syed pôs fim a décadas de partidários incondicionais da Índia e abriu a possibilidade teórica de paz.
O conflito na Caxemira, em sua atual etapa, já dura 13 anos.
A tensão também existe entre os atores muçulmanos do conflito. Um terceiro grupo muçulmano, o Al-Umar Mujahideen, também partidário da fusão da Caxemira com o Paquistão, convocou para amanhã greve geral em protesto contra a prisão, em Islamabad, capital paquistanesa, de seu chefe, Mushtaq Ahmad Zargar.
Zargar, que era prisioneiro da Índia, foi libertado em 1999, em troca da libertação dos passageiros de um avião da Indian Airlines, sequestrado quando voava para o Afeganistão.
A Índia tem acusado o Paquistão de dar apoio logístico aos separatistas. Mas Islamabad responde que seu apoio é apenas moral e diplomático, em razão "da luta legítima pela liberdade" dos muçulmanos.
Ainda ontem, o governo da Índia lançou um apelo para que o Ocidente considere a possibilidade de impor sanções econômicas ao Paquistão, para que ele cesse "o terrorismo entre as fronteiras", praticado na Caxemira.
O ministro indiano do Exterior, Yashwant Sinha, disse que o Paquistão não desistiria por conta própria de seus atos de hostilidade contra a Índia, e que só o faria por pressões internacionais.
Disse que 800 foram mortos pelo terrorismo islâmico na Caxemira, durante a última campanha eleitoral.


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