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IRAQUE OCUPADO
País muda estrutura e pessoal que lida com mídia em Bagdá para vender imagem mais positiva aos americanos
EUA tentam melhorar imagem do pós-guerra
LUKE BAKER
DA REUTERS, EM BAGDÁ
Ao mesmo tempo em que as
forças americanas combatem a
crescente insurgência no Iraque,
elas travam uma grande ofensiva
na mídia para tentar mostrar a
contestada ocupação sob uma
ótica mais positiva. A blitz ocorre
em meio a sinais de que tanto as
tropas quanto a administração civil lideradas pelos EUA estão perdendo a batalha pelos corações e
mentes iraquianos.
Na semana passada, os militares
anunciaram o nome de um novo
porta-voz das forças americanas
no Iraque, o general Mark Kimmitt, mais experiente no trato da
mídia que seus antecessores.
Antes do anúncio, o pódio das
entrevistas coletivas foi modificado, com a instalação de dois monitores grandes de tela plana para
mostrar apresentações em Powerpoint das operações militares,
recurso com o qual os militares
querem divulgar seus êxitos.
Um grande selo azul representando a Autoridade Provisória da
Coalizão liderada pelos EUA ganhou destaque atrás do pódio,
com os dizeres "Justiça, Liberdade, Direitos, Segurança".
"Há um clima claro de Casa
Branca em tudo isso", disse um
veterano correspondente de um
jornal de Washington.
Outros chamam a atenção para
as semelhanças com o esquema
militar montado em Qatar durante a guerra, quando o general Vincent Brooks, experiente no contato com a mídia, apresentava a versão diária do Comando Central.
A campanha de mídia parece
ser em parte uma tentativa de
convencer o público dos EUA e a
cética imprensa americana de que
a ocupação está conquistando resultados, apesar das evidências da
existência de um movimento
guerrilheiro cada vez mais sofisticado e bem coordenado.
Como que para chegar mais diretamente à mídia nos EUA, passando ao largo dos correspondentes em Bagdá, potencialmente
mais céticos, uma entrevista coletiva concedida à imprensa na semana passada foi transmitida por
satélite diretamente à imprensa
reunida no Pentágono.
Dan Senor, o principal porta-voz da coalizão, em várias ocasiões já expressou sua frustração
pelo fato de não estarem sendo divulgadas as conquistas obtidas na
reconstrução do Iraque. "Cerca
de 14 mil projetos foram concluídos desde o fim dos combates
principais [1º de maio". São cem
projetos por dia. No entanto, isso
nem sequer é mencionado."
A frustração se estende ao secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, visto como o principal arquiteto da guerra que derrubou Saddam Hussein e que vem afirmando que a mídia árabe tem viés
contrário aos EUA.
Num briefing no Pentágono na
semana passada, Rumsfeld disse
esperar que a nova programação
de TV por satélite que as autoridades americanas estão criando
no Iraque ajude a contrabalançar
o que qualificou como a hostilidade evidente dos principais canais
árabes de jornalismo por satélite.
"Como vocês sabem, a Al Arabiya
e a Al Jazira são violentamente
contrárias à coalizão, e a Al Jazira
era evidentemente pró-Saddam."
A previsão é que a nova programação entre no ar em dezembro.
Mas deve enfrentar forte oposição. Na semana passada, o xiita
Conselho Supremo da Revolução
Islâmica no Iraque chamou de
"devassa" a programação que já é
transmitida pela rede Iraqi Media,
apoiada pelos EUA.
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