São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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AMÉRICAS

Futuro titular da defesa sugeriu que EUA atacassem Nicarágua

DA ASSOCIATED PRESS

Indicado pelo presidente George W. Bush para o cargo de secretário da Defesa, Robert Gates defendeu, em 1984, que os EUA realizassem ataques aéreos contra a Nicarágua de modo a reverter o que considerava ser uma política ineficaz de contenção do avanço comunista na América Central, segundo documentos antes confidenciais divulgados ontem pelo National Security Archives.
Gates, então o número 2 da CIA, disse que as tentativas "desanimadas" dos EUA de conter o governo sandinista já não eram justificáveis.
Em um memorando ao diretor da CIA, William Casey, em 14 de dezembro de 1984, Gates afirmou que os ataques aéreos teriam como alvo tanques e helicópteros e como objetivo "destruir uma porção considerável do poderia militar nicaragüense".
Ele também recomendou que os EUA tentassem impedir que essas armas chegassem à Nicarágua no futuro, mas que assegurassem que não haveria uma invasão.
O alvo da preocupação de Gates era o então presidente sandinista da Nicarágua, Daniel Ortega.
Ironicamente, a indicação de Gates para substituir o secretário Donald Rumsfeld na pasta da Defesa foi anunciada dias depois que Ortega retornou à cena política em grande estilo, vencendo as eleições para presidente da Nicarágua com um discurso mais moderado depois de, em três tentativas anteriores, ter sido rejeitado pelos eleitores.
Para Gates, a situação no país era calamitosa em 1984. O Congresso americano havia ordenado que os EUA interrompessem a ajuda às forças rebeldes anti-sandinistas conhecidas como Contra.
Isso deixava Ortega livre, na opinião de Gates, para estabelecer a Nicarágua como um "permanente e bem armado" aliado da União Soviética e de Cuba.
Washington deveria reconhecer, disse na época, que a existência de um regime marxista-leninista na Nicarágua fortemente alinhado a Moscou e Havana seria "inaceitável para os EUA e que os EUA deveriam fazer tudo dentro de seu alcance, exceto uma invasão, para derrubar aquele regime".
Além dos ataques aéreos, Gates sugeriu que os EUA reconhecessem um governo nicaragüense no exílio, que passaria a receber apoio militar americano. Sanções econômicas poderiam ser consideradas, "talvez até uma quarentena", escreveu. Suas propostas, porém, nunca foram adotadas.


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