São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Paramilitares na Colômbia pedem comissão da verdade

Chefes desmobilizados defendem que órgão civil receba confissões de seus crimes

Grupo insta seus antigos aliados - como políticos, empresários e forças de segurança- a também confessarem suas ações

DA REDAÇÃO

Líderes paramilitares desmobilizados defenderam a criação de uma comissão da verdade civil em que possam confessar suas ações durante os cerca de 40 anos de conflito armado na Colômbia e pediram que seus "aliados" na política, no empresariado e nas forças de segurança façam o mesmo.
O anúncio, na noite de anteontem, coincide com escândalos sobre o suposto laço de parlamentares e ex-membros do governo com os paramilitares -que incluiu o pedido de prisão de três congressistas.
"Entendemos que uma peça-chave da Lei de Justiça e Paz [que regula a desmobilização] é a confissão do que ocorreu na recente história da nossa tragédia nacional", diz a carta assinada por líderes da AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) -60 dos quais estão presos em La Ceja, perto de Medellín, como parte do acordo de paz com o governo de Álvaro Uribe.
"O conhecimento da verdade total é decisivo para o fortalecimento da democracia, a reconciliação nacional e o perdão", segue o texto. "Pedimos a todos que foram nossos impulsores, colaboradores, beneficiários diretos, empresários, industriais, dirigentes políticos e sindicais, líderes regionais e locais, membros das forças de segurança, entre outros, que nos acompanhem sem apreensão nem temor nessa tarefa."
"Não queremos parecer delatores", encerra a carta, numa frase interpretada pela imprensa local como chantagem.
As AUC foram criadas nos anos 80 para combater as guerrilhas de esquerda com o apoio do Estado, mas deixaram em seu rastro milhares de mortes. Como parte do processo de paz, cerca de 30 mil deles se desmobilizaram e agora esperam julgamento em cortes especiais, com pena máxima de oito anos.
As autoridades investigam cinco políticos -inclusive dois senadores- acusados de usar esses grupos para roubar dinheiro público, matar opositores e extorquir eleitores.


Com agências internacionais

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