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Amorim vê importância simbólica e dirá que "não há paz sem concessões"
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considera que o mais importante na
conferência entre israelenses e
palestinos é "o simbolismo da
retomada das discussões sobre
a paz".
Amorim participará do encontro. É a primeira vez que
um país latino-americano é
convidado para uma reunião
desse tipo. Na sua opinião, a intenção é levar "uma aragem nova" às conversações, uma "visão de países que não têm interesses diretos na região, só humanitários".
O Brasil foi convidado no
contexto do IBAS, grupo criado
por inspiração do Itamaraty em
2003 e integrado também por
Índia e África do Sul, igualmente convidados à conferência.
"Somos países em desenvolvimento, grandes democracias,
multiétnicos e multirreligiosos. Também somos líderes nos
nossos continentes e fora deles.
Temos o que dizer e devemos
ser ouvidos", disse.
Brasil, Índia e África do Sul
têm projetos comuns no Haiti e
na Guiné Bissau e discutem
ampliar essa aliança também
para a Palestina, como dirá
Amorim, em discurso, durante
a conferência. Ele oferecerá
cooperação técnica e econômica para a região e dirá que "não
há paz sem concessões".
No caso brasileiro, Amorim
considera que dois aspectos pesaram no convite, além do
grande contingente de árabes
que vivem no país e da convivência amistosa entre eles e judeus: "O Brasil certamente foi
convidado pela sua posição histórica de equilíbrio no conflito
e porque o presidente Lula é
visto mundialmente como uma
figura aglutinadora".
O país tanto defende o direito
palestino a um território quanto aderiu à condenação ao Holocausto no âmbito da ONU.
A presença em Annapolis deverá abrir portas para a integração do Brasil a um eventual
grupo de apoio ao Quarteto para o Oriente Médio, que reúne a
ONU, os EUA, a Rússia e a
União Européia.
Também poderá contar pontos, na opinião de Amorim, para o esforço brasileiro em obter
uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU,
mas ele disse que sua ida não
faz parte de "uma campanha"
nesse sentido.
"Digamos que o convite [para
Annapolis] foi um reconhecimento, o mesmo tipo de reconhecimento que o Brasil terá
um dia para ter a cadeira permanente", disse.
Lula, que já foi anfitrião da
Cúpula Mercosul-Países Árabes em Brasília, em 2005, pretende ir a Israel e aos territórios palestinos em 2008.
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