São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Amorim vê importância simbólica e dirá que "não há paz sem concessões"

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considera que o mais importante na conferência entre israelenses e palestinos é "o simbolismo da retomada das discussões sobre a paz".
Amorim participará do encontro. É a primeira vez que um país latino-americano é convidado para uma reunião desse tipo. Na sua opinião, a intenção é levar "uma aragem nova" às conversações, uma "visão de países que não têm interesses diretos na região, só humanitários".
O Brasil foi convidado no contexto do IBAS, grupo criado por inspiração do Itamaraty em 2003 e integrado também por Índia e África do Sul, igualmente convidados à conferência.
"Somos países em desenvolvimento, grandes democracias, multiétnicos e multirreligiosos. Também somos líderes nos nossos continentes e fora deles. Temos o que dizer e devemos ser ouvidos", disse.
Brasil, Índia e África do Sul têm projetos comuns no Haiti e na Guiné Bissau e discutem ampliar essa aliança também para a Palestina, como dirá Amorim, em discurso, durante a conferência. Ele oferecerá cooperação técnica e econômica para a região e dirá que "não há paz sem concessões".
No caso brasileiro, Amorim considera que dois aspectos pesaram no convite, além do grande contingente de árabes que vivem no país e da convivência amistosa entre eles e judeus: "O Brasil certamente foi convidado pela sua posição histórica de equilíbrio no conflito e porque o presidente Lula é visto mundialmente como uma figura aglutinadora".
O país tanto defende o direito palestino a um território quanto aderiu à condenação ao Holocausto no âmbito da ONU.
A presença em Annapolis deverá abrir portas para a integração do Brasil a um eventual grupo de apoio ao Quarteto para o Oriente Médio, que reúne a ONU, os EUA, a Rússia e a União Européia.
Também poderá contar pontos, na opinião de Amorim, para o esforço brasileiro em obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas ele disse que sua ida não faz parte de "uma campanha" nesse sentido.
"Digamos que o convite [para Annapolis] foi um reconhecimento, o mesmo tipo de reconhecimento que o Brasil terá um dia para ter a cadeira permanente", disse.
Lula, que já foi anfitrião da Cúpula Mercosul-Países Árabes em Brasília, em 2005, pretende ir a Israel e aos territórios palestinos em 2008.

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