São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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EUA enviam observadores a Honduras

Polêmico Instituto Republicano Internacional, que elogiou golpe na Venezuela, terá monitores na eleição de domingo

Informação foi confirmada pela Chancelaria, que treina os enviados e aponta para presença no país também da contrapartida democrata

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O IRI (Instituto Republicano Internacional), que na prática funciona como o braço para atividades no exterior do Partido Republicano dos EUA, está enviando observadores para a eleição presidencial de domingo em Honduras.
A informação foi confirmada pela Folha no Departamento de Estado americano, que aponta que o equivalente democrata, o NDI (Instituto Democrata Nacional, na sigla em inglês), também estará presente. Os observadores de ambas as entidades foram treinados pela Chancelaria americana e têm custos bancados por verba federal, via Usaid (sigla em inglês da agência do governo americano para ajuda externa).
"Por meio da Usaid, os EUA estão fornecendo assistência técnica para o Supremo Tribunal Federal [hondurenho], assim como ajudando a bancar a participação de observadores domésticos e internacionais", afirma a Chancelaria. "Esperamos que o tribunal permita que uma vasta gama de observadores domésticos e internacionais cumpra sua função e entendemos que a corte já se mobilizou para convidar outros observadores. A prática ampla aumenta as chances de que as eleições sejam livres e justas."
O IRI, que tem como presidente o senador John McCain, tem histórico polêmico na região, por ter elogiado publicamente o golpe de Estado que derrubou por algumas horas o presidente venezuelano Hugo Chávez em 2002, embora depois tenha dado declarações públicas se recriminando pelo ato, e por ter supostamente se envolvido na queda do então presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, em 2004, acusação que a entidade nega.
Procurada para detalhar a operação em Honduras, a assessoria do instituto não respondera até a conclusão desta edição.
Já o NDI divulgou comunicado em que confirma o envio de 20 observadores de diversas nacionalidades e afirma que a decisão de participar do pleito, cuja legitimidade é questionada pela maioria dos países da região, foi tomada logo após a assinatura do Acordo Tegucigalpa-San José, em outubro.
"A missão do NDI não se posiciona em relação às grandes questões políticas [hondurenhas] nem sua presença em Honduras deve ser encarada dessa maneira", afirma o texto. "Pelo contrário, procura prover avaliação imparcial na conduta do processo eleitoral. A maneira como a eleição será conduzida vai inevitavelmente afetar condições para superar as divisões políticas no país."
Um time de representantes (deputados federais) republicanos conservadores liderados por Ileana Ros-Lehtinen (Flórida) também se preparava para viajar a Tegucigalpa e acompanhar as eleições de domingo, mas até a conclusão da edição ainda não tinha sido autorizado pela presidente do Congresso, Nancy Pelosi. A democrata defende que só liberará a viagem em caráter oficial se a comissão for bipartidária.
A ala mais à direita do Partido Republicano apoia o regime golpista desde a queda de Manuel Zelaya, em 28 de junho.


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