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Negociações e lobby marcam longo debate
DE WASHINGTON
Para aprovar as 2.074 páginas da proposta e 767 páginas da emenda batizada de
Ato de Proteção ao Paciente
e de Cuidado Acessível, os
cem membros do Senado
americano ficaram 25 dias
consecutivos em sessão, com
votações que por vezes ocorreram à 1h da manhã e não
foram canceladas nem mesmo sob a pior tempestade de
neve a atingir Washington
nos últimos anos.
O objetivo do líder da
maioria democrata, Harry
Reid, que agia a pedido da
Casa Branca, era aprovar a
lei antes do recesso de Natal. Isso fez com que senadores da oposição passassem a se cumprimentar
com a frase "Harry Christmas", um trocadilho com
"Merry Christmas", Feliz
Natal, em inglês.
Fez também com que diversas negociações tivessem lugar para assegurar o
total de 60 votos, a "supermaioria" à prova de obstruções, sem a qual a lei não
avançaria até o voto final.
Ben Nelson, democrata
por Nebraska, por exemplo,
só aceitou votar depois que
foi incluído o direito de Estados proibirem mulheres
com seguro médico subsidiado de fazer aborto. De
quebra, levou US$ 100 milhões para o serviço público
a idosos de seu Estado. Valor igual faturou o democrata Christopher Dodd, de
Connecticut, para construir
um centro médico em seu
Estado.
Os agrados para a base
aliada obamista foram completados por favores especiais para grupos lobistas
poderosos. Na versão original da lei, por exemplo, havia um imposto de 5% sobre
cirurgias plásticas para procedimentos cosméticos
bancadas por planos, apelidado de "botax" -junção de
botox com "tax", imposto.
Depois de pressão de cirurgiões plásticos, da Allergan, que fabrica o produto, e
da Associação Médica Americana, entidade que é uma
das grandes doadoras eleitorais, caiu a "botax". E entrou a "tan tax", imposto
com o dobro da porcentagem para planos que bancam o bronzeamento artificial -"tanning", em inglês.
Tamanha negociata valeu
um apelido à nova medida:
"Cash for Cloture", ou "dinheiro vivo em troca de encerrar os debates", em tradução livre. É um trocadilho com o programa federal
"Cash for Clunkers", "dinheiro vivo por latas-velhas", com o qual o governo
de Barack Obama subsidiou
a venda de carros novos.
(SD)
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