|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRÃ
Legislativo aprova lei que restringe poderes do Conselho de Guardiães sobre eleições, mas proposta é vetada pelos clérigos
Parlamento iraniano desafia linha dura
DA REDAÇÃO
O conservador Conselho de
Guardiães vetou ontem um projeto de lei sobre eleições que havia
sido aprovado também ontem
pelo Parlamento para tentar reverter o banimento de milhares
de candidatos reformistas. O episódio dá início a mais uma queda-de-braço entre as duas forças e
pode levar ao boicote das eleições
do próximo mês por reformistas.
O conselho proibiu cerca de
3.000 aspirantes a candidatos de
concorrer no pleito do próximo
dia 20. A maioria é de reformistas
próximos ao presidente Mohammad Khatami. Entre eles estão 80
dos 290 parlamentares.
A alteração proposta pelo Parlamento, em que os reformistas
constituem maioria, determinava
que candidatos que disputaram
eleições anteriores só poderiam
ser excluídos de outros pleitos se
contra eles houvesse um processo
legal. Essa medida salvaria muitos
dos deputados desclassificados.
Entre eles está o irmão do presidente Khatami.
Para a alteração tornar-se lei,
entretanto, ela precisava ser aprovada também pelo Conselho de
Guardiões, o órgão que determinou as desqualificações. O projeto
havia sido classificado como de
tripla urgência pelo Parlamento, o
que só ocorre quando o Legislativo acredita que os direitos básicos
do país estão ameaçados ou quando o Estado está sob grave perigo
político ou militar. A tripla urgência nunca havia sido utilizada desde a revolução de 1979.
Dezenas de membros do governo ameaçaram demitir-se caso o
conselho não reveja as proibições.
Alguns partidos reformistas disseram que poderiam boicotar as
eleições. Com o veto do conselho
às mudanças na lei eleitoral, o boicote torna-se mais plausível.
O presidente do Parlamento,
Mehdi Karroubi, havia pedido
aos 12 membros do Conselho de
Guardiães que provassem sua
lealdade ao líder supremo do Irã,
aiatolá Ali Khamenei, que já defendeu uma revisão dos banimentos. "O Conselho de Guardiães deve provar sua lealdade ao
líder supremo agindo em concordância com suas instruções", disse Karroubi. O aiatolá Ali Khamenei tem a última palavra em todas
as questões de Estado.
Alguns deputados estão acampados há 15 dias dentro do Parlamento como ato de protesto contra a decisão do Conselho.
O principal dissidente religioso
iraniano, grande aiatolá Hossein
Ali Montazeri, que ajudou a escrever a Constituição iraniana depois da revolução islâmica de
1979, disse que o Conselho atuou
além de suas atribuições originais.
"O papel do Conselho de Guardiães evoluiu de supervisionar
eleições para supervisionar candidatos", disse Montazeri à agência
de notícias Reuters. "As recentes
desqualificações estão baseadas
em alegações não provadas",
acrescentou o religioso.
O influente ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani disse que
a disputa em torno das proibições
está tornando o país vulnerável a
inimigos externos que tentam fomentar o descontentamento da
população. "Não temos sido bons
soldados do islã", disse.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Primeira-dama: Mulheres de democratas entram na linha de frente da campanha Próximo Texto: Gripe do frango: Tailândia admite ter escondido surto Índice
|