São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Chávez diz que Colômbia incita guerra

Venezuelano, rompido com Bogotá, acusa governo Uribe e EUA de planejarem "provocação bélica" que pode culminar em confronto

Presidente ameaça derrubar comércio com Colômbia de US$ 6 bilhões para US$ 100 milhões e adotar produtos de Cuba, Brasil e Argentina

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Em mais um sinal de que a crise diplomática com Bogotá está longe do fim, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusou ontem os governos colombiano e americano de planejarem uma "provocação bélica" que poderia" acender uma guerra". "Prepara-se uma uma provocação [bélica] contra a Venezuela para nos obrigar a dar uma resposta que depois poderia acender uma guerra", disse Chávez no Palácio Miraflores, durante entrevista coletiva, ao lado do colega nicaragüense, o aliado Daniel Ortega.
O venezuelano disse que "não é casual" a visita à Colômbia de três altos funcionários do governo americano nos últimos dias -o último deles, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, estava no país ontem. Segundo Chávez, Uribe, a quem voltou a chamar de "peão dos EUA", transformou a Colômbia "num porta-aviões contra a revolução bolivariana". "Peço a Uribe que amarre seus loucos."
A acusação de Chávez foi motivada pela pergunta de uma jornalista da TV Telesur, controlada pelo governo venezuelano, sobre as declarações feitas horas antes pelo chanceler colombiano, Fernando Araújo, segundo o qual os dois países "mantêm uma comunicação" para que as relações "regressem a seu curso normal".
"Lamentavelmente, tudo indica que [as relações] continuarão se deteriorando, porque as agressões são infinitas e diárias contra a Venezuela. Mentiras, intrigas, patranhas, ameaças", previu Chávez.
O presidente venezuelano voltou a dizer que retaliará comercialmente a Colômbia, que tem no país vizinho seu segundo maior parceiro comercial, atrás apenas dos EUA.
"Vamos comprar da Nicarágua tudo o que pudermos. E da Argentina, do Brasil e de Cuba, [compraremos] muitas coisas que trazíamos da Colômbia." Chávez disse que o comércio bilateral entre os dois países, que no ano passado chegou a US$ 6 bilhões, deve despencar para US$ 100 milhões em 2008.
No início do mês, Chávez reduziu drasticamente a cota de veículos importados da Colômbia. Ontem, ele anunciou também o congelamento de projetos energéticos bilaterais, que incluíam a ampliação de um gasoduto transnacional inaugurado no ano passado.
Em dezembro, o governo venezuelano entregou uma lista de cerca de 80 produtos ao Brasil para serem importados em caráter de urgência, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Caracas.

Mais liberações
A senadora oposicionista colombiana Piedad Córdoba disse ontem em Caracas à rádio colombiana RCN que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) devem soltar mais reféns nos próximos dias. Chávez, no entanto, se disse "pessimista" sobre o tema.


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