São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Obama propõe congelar gastos por 5 anos

Presidente dos EUA aproveita tradicional fala no Congresso para oficializar visita ao Brasil, no mês de março

No discurso sobre o Estado da União, líder americano anuncia também foco na geração de empregos no país

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Em um discurso sobre o Estado da União marcado por apelo centrista, o presidente dos EUA, Barack Obama, propôs na noite de ontem o congelamento parcial por cinco anos em gastos públicos e foco na geração de empregos.
O discurso, tradição anual nos EUA, é um dos mais importantes do calendário político do país e marca um reposicionamento do governo para os próximos 12 meses.
Obama anunciou uma viagem pela América Latina que inclui passagem pelo Brasil em março para "forjar novos laços" com a região. Também falou um pouco sobre política externa, mencionando Afeganistão, Iraque, Paquistão, Coreia do Norte e Irã.
Mas se concentrou na situação da economia americana e em empregos.
No texto, que foi distribuído com antecedência à imprensa, o presidente discutiu a necessidade de vencer a competição com emergentes como China e Índia.
"O que está em jogo é se novos empregos e indústrias se enraizarão neste país ou em algum outro lugar", afirmou. "A competição é real (...). Mas isso não deve nos desencorajar. Deve nos desafiar. (...) A América ainda tem a maior e mais próspera economia do mundo."
Segundo ele, este é o "momento Sputnik de nossa geração", em alusão à era de desenvolvimento do país que se seguiu ao lançamento do primeiro satélite pela Rússia.
Ele defendeu novos investimentos em inovação (com destaque para energia limpa, que quer como fonte de 80% da eletricidade dos EUA em 2035), educação e infraestrutura. Ao mesmo tempo, exortou redução nos gastos federais totais.
O presidente propôs cinco anos de congelamento de gastos discricionários domésticos (excluindo-se a área de segurança).
Segundo ele, isso economizaria estimados US$ 400 bilhões em uma década, ajudando a diminuir o deficit federal, que hoje ultrapassa US$ 1 trilhão.
Além de esse ser um dos temas que dominarão os próximos dois anos do mandato da atual, há forte pressão para frear o deficit por parte da oposição, que inaugurou o novo Congresso neste mês controlando a Câmara dos Representantes (deputados).
Por si só, a proposta de congelamento não deve ser suficiente para a oposição. Ela afeta efetivamente cerca de um sétimo dos gastos.
Separadamente, o presidente pediu ao Congresso para estudar cortes específicos em quaisquer áreas, inclusive nas de saúde, defesa e impostos.
Obama mencionou inclusive cortes nos programas de saúde públicos para idosos e pobres, tradicionalmente área que os democratas hesitam em limitar.
O discurso, com tons populares e menções a gente comum -um forte de Obama- foi feito em um momento de ligeiro alívio na pressão contra o presidente.
Mas não foi consenso. "Para quem esperava muito, foi um discurso decepcionante", disse à Folha Alexander Keyssar, da Universidade Harvard. "Velhas ideias, velhos temas. Pareceu a fala de alguém cansado de lutar."
"Não era sobre fazer de nós uma sociedade justa, mas de sermos número um. É a voz de um país que se sente ameaçado."


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