São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Discurso deveria abordar o papel do governo no século 21

DAVID BROOKS
DO "NEW YORK TIMES"

No discurso sobre o Estado da União de ontem, Obama falaria sobre crescimento econômico e competitividade. Será interessante ver se ele fará isso da maneira padrão ou de modo visionário.
A maneira convencional seria ótima -aumentar as exportações, reformar a educação. Mas não dará aquilo de que o país tem fome. O país quer uma visão mais precisa da cara de uma América dinâmica no século 21. E quer que Obama defina sua visão do papel do governo.
Um discurso visionário poderia começar com o fato de que a posição dos EUA no mundo está mudando.
No século 20, os EUA foram o país manda-chuva: tínhamos mais dinheiro, recursos e mão de obra qualificada. No século 21, não serão mais. Haverá vários países ricos plenamente participantes na economia global.
Logo, a competitividade vai dizer respeito mais a organizar relacionamentos que a acumular força. Para crescer, os EUA terão que ser um país-encruzilhada no qual talentos globais se congregam.
Os pais em países de classe média pelo mundo devem querer mandar seus filhos estudar em universidades americanas. Jovens de cabeça empreendedora devem sonhar em trabalhar em Hollywood ou no Vale do Silício.
Neste século, a competição econômica entre países não se parece tanto com a competição entre exércitos ou times esportivos. Não se trata tanto de "vamos esmagar vocês com nosso poderio", e sim de "temos os melhores talentos e os melhores valores; se você quiser fazer o melhor uso de suas capacidades, virá juntar-se a nós".
O país que tiver os centros criativos mais diversificados vai dominar o século. Qual é o papel a ser exercido pelo governo? Será um pouco como gerir uma universidade: alimentar uma estrutura em que o brilho pode acontecer.
Obama existe porque seu pai sentiu-se atraído aos EUA. Ele encarna esse papel nascente como país-encruzilhada. Veremos se é capaz de descrever a próxima fase da grandeza americana.

Tradução de CLARA ALLAIN


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