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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Chefe dos inspetores diz ter recebido documentos sobre armas biológicas, mas reitera ordem para destruir mísseis

Iraque dá sinais de cooperação, diz Blix

John Moore/Associated Press
Kuaitianos dançam com espadas na zona desmilitarizada perto da fronteira iraquiana, em festa pelo dia da independência do Kuait


DA REDAÇÃO

O Iraque deu sinais de que está disposto a cooperar de forma substantiva para o seu desarmamento, disse ontem o chefe dos inspetores de armas da ONU, o sueco Hans Blix.
Segundo ele, Bagdá enviou, nos últimos três dias, seis cartas importantes aos inspetores em que "há alguns elementos que são positivos e precisam ser mais explorados".
Segundo Blix, o governo iraquiano disse ter encontrado documentos relativos à destruição de armas de destruição em massa em 1991.
Os papéis também dizem respeito a uma bomba R-400. Os iraquianos disseram ter localizado uma delas contendo líquido em seu interior numa área utilizada pelo país para se livrar de agentes biológicos.
Após negar em 1991 possuir qualquer tipo de programa de armas biológicas, o Iraque admitiu em 1995 ter produzido 155 bombas R-400 cujo interior foi preenchido com agentes biológicos como, por exemplo, o antraz. Bagdá afirmou que, durante a Guerra do Golfo, essas bombas foram enterradas em dois locais separados, um deles próximo ao rio Eufrates.
As informações poderiam lançar luz sobre uma das frentes de investigação da ONU sobre as armas iraquianas -aquela que busca explicações sobre os arsenais que Bagdá afirma ter destruído após a Guerra do Golfo (1991).

Argumentos
Ao dizer que as inspeções avançam, Blix alimenta os argumentos de países como França, Rússia e China, que exigem mais tempo para os inspetores e se opõem aos planos de guerra de EUA e Reino Unido.
Blix, porém, costuma afirmar que não caberá a ele decidir se haverá ou não uma ofensiva militar -essa decisão, a seu ver, será resultado de negociações políticas no Conselho de Segurança (CS).
Americanos, britânicos e espanhóis apresentaram anteontem ao CS uma proposta de nova resolução que abriria caminho para uma ação militar, condenando o Iraque e dizendo que Bagdá deixou de aproveitar a "última chance" para se desarmar.
A iniciativa, porém, conta com forte oposição no CS -além dos três países signatários, apenas a Bulgária já declarou seu apoio. Washington lançou uma ofensiva diplomática, despachando representantes a alguns países para convencê-lo a votar a favor da nova proposta.
São necessários os votos de 9 dos 15 integrantes do Conselho para a aprovação de uma resolução, contanto que nenhum membro permanente (EUA, Reino Unido, Rússia, França e China) utilize o seu direito a veto.
Com apoio de Rússia, Alemanha e China, a França apresentou anteontem uma iniciativa para competir com a americana no CS. O memorando -que não é uma proposta de resolução- defende o fortalecimento do regime de inspeções de armas existente e a continuação dos trabalhos dos inspetores em solo iraquiano por pelo menos mais quatro meses.

Mísseis
Blix reafirmou ontem que a ordem dada ao regime do ditador Saddam Hussein de destruir seus mísseis Al Samoud 2 não está sujeita a novas negociações.
Especialistas da ONU dizem que os mísseis encontrados possuem alcance superior ao limite de 150 km determinado por resolução do CS. O chefe dos inspetores deu a Bagdá prazo até sábado para iniciar a destruição deles.
Segundo a rede norte-americana CBS, Saddam disse, numa entrevista (que deverá ser veiculada hoje), que não acataria a ordem da ONU para se livrar dos mísseis. Blix disse que ainda espera uma resposta do governo iraquiano à exigência. Saddam também teria dito à CBS que não tem elo com a Al Qaeda ou Osama bin Laden.

Com agências internacionais


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