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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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Só "desarmamento total" evita a guerra, diz Bush

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que só um "desarmamento total" do Iraque pode impedir uma guerra. Ele fez um chamado à ONU para que "cumpra com sua palavra" e aja contra Saddam Hussein. Destacou, porém, que a aprovação da nova proposta de resolução na ONU não é "essencial" para o início de uma ofensiva armada.
"Não creio que precisamos de uma segunda resolução", disse Bush, lembrando que resolução de novembro do Conselho de Segurança (CS) já previa "graves consequências" se Bagdá não cooperasse com a ONU.
Em encontro nesta semana em Moscou, o subsecretário de Estado John Bolton disse à Rússia que os EUA "seguirão adiante", com ou sem o apoio do CS. Um diplomata de um país do CS disse ao diário "Washington Post" ter escutado de altos funcionários americanos que a decisão sobre ir à guerra no Iraque já foi tomada.
"Vocês não vão decidir se haverá guerra no Iraque ou não", teriam dito os americanos a esse diplomata. "Essa decisão é nossa e já foi tomada. Ela já é final. A única questão agora é se o Conselho a acompanhará ou não."
Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca, disse que, na visão de Bush, as inspeções da ONU ainda não entraram num "beco sem saída". Para Fleischer, ainda há uma "pequena chance" de que a guerra seja evitada por meio da pressão internacional sobre o Iraque.
Mas, segundo ele, as notícias do chefe dos inspetores, Hans Blix, de que Bagdá achou armas biológicas é mais uma prova de que o Iraque não pretende se desarmar.
"Levando em conta que uma arma foi encontrada hoje [ontem], 4.294 dias depois de dadas as ordens para a destruição de todas as armas, ficam dúvidas sobre se o Iraque pensa em cumprir algum dia o desarmamento", afirmou.
O premiê britânico, Tony Blair, declarou que Bagdá tem "uma última chance" para atender às exigências da ONU. Falando ao Parlamento, disse que Londres não levará à votação no CS imediatamente a nova proposta de resolução, apresentada ontem, dando a Saddam Hussein uma oportunidade final para se desarmar.
O senador americano Peter Fitzgerald (republicano) disse ter ouvido de Bush que ele poderia ordenar o assassinato de Saddam se as forças americanas "tiverem uma boa oportunidade". Indagado sobre o tema, o porta-voz da Casa Branca foi evasivo: "O presidente não se lembra se disse isso ou não. Seus assessores não se lembram que ele tenha dito isso."
Fleischer disse ainda que "a ordem executiva está vigente" mas que "o mundo estaria melhor sem Saddam Hussein". Em 1976, o então presidente Gerald Ford emitiu uma ordem que proíbe funcionários dos EUA de se envolver no assassinato de líderes estrangeiros.
O general Eric K. Shinseki disse que a força de ocupação do Iraque (após a guerra) deverá ter várias centenas de milhares de homens.


Com agências internacionais


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