São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Plano permitiria ataque ao Irã em 24 horas, diz revista

Segundo "New Yorker", grupo especial do Pentágono recebeu instruções de Bush

Arábia Saudita estaria financiando operações especiais; Teerã anuncia teste do seu primeiro satélite, mas pode ser blefe

DA REDAÇÃO

A televisão estatal iraniana anunciou ontem que o Irã havia "lançado com sucesso" seu primeiro foguete espacial. Mas não forneceu imagens do lançamento ou outros detalhes técnicos que dariam à informação maior credibilidade.
A BBC relata que nenhuma das potências com satélites de espionagem detectou indícios do lançamento iraniano, o que reforça a possibilidade de o Irã estar blefando, ou, então, de o teste ter envolvido um lançador ainda incapaz de colocar algum objeto em órbita.
O diretor do Centro de Pesquisas Aeroespaciais do Irã, Mohsen Bahrami, disse que o foguete transportava material de pesquisa produzido conjuntamente pelos ministérios da Defesa e da Ciência.
Mas pouco depois um dos seus adjuntos, Ali Akbar Golrou, disse a uma agência iraniana que o foguete lançado tinha características "suborbitais". Ou seja, atingiu uma altura inferior a 150 quilômetros, de onde o material transportado caiu de volta com pára-quedas.
O jornal francês "Le Monde" diz que, para o Irã, a prioridade é se colocar como uma potência regional, capaz de sobreviver em termos tecnológicos às sanções aplicadas pela ONU desde dezembro, e que deverão ser agora ampliadas, em razão de seu programa nuclear.
O experimento de ontem não foi objeto de reações dos Estados Unidos, da ONU, de Israel ou da União Européia, sempre atentos às movimentações iranianas de dimensão militar.
A notícia sobre o suposto foguete iraniano precede a abertura, hoje em Londres, de reunião em que a Alemanha e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança discutirão novas sanções contra o Irã, em razão do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, que na semana passada indicou que aquele país não havia interrompido o enriquecimento de urânio.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país não iria recuar e comparou o programa nuclear a um trem que só anda para frente e não é equipado de freio ou dispositivo para marcha a ré.
Comentando a bravata, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou em Washington que o Irã precisava equipar seu programa com um botão com a inscrição "stop".

"Preparativos militares"
A revista "New Yorker" publica nesta semana reportagem que afirma ter sido criado, dentro do Pentágono, um grupo especial que, depois de um sinal verde da Casa Branca, desencadearia em 24 horas uma operação para bombardear e destruir as instalações nucleares do Irã.
Assinada por Seymour Hersh -que se notabilizou por suas fontes nos meios militares-, a reportagem afirma que, como parte de uma mudança na política em relação ao Irã, o grupo especial foi instruído a ampliar seus alvos para incluir, além de instalações ligadas ao programa nuclear iraniano, locais que podem estar conectados à ajuda iraniana aos xiitas do Iraque.
De acordo com Hersh, a nova política inclui também o apoio a grupos radicais sunitas, mesmo que eles sejam simpáticos à Al Qaeda, e operações das Forças Especiais (comandos clandestinos) em território iraniano para capturar agentes. As operações secretas estão sendo financiadas pela Arábia Saudita, diz a reportagem, para evitar o escrutínio do Congresso.
Bryan Whitman, um dos porta-vozes do Pentágono, afirmou ser "um equívoco" qualquer hipótese que não seja a das pressões diplomáticas.
Mas o vice-presidente, Dick Cheney, partidário da solução militar, disse ainda na última sexta-feira que "todas as cartas estão sobre a mesa".
Sete países islâmicos -Egito, Indonésia, Jordânia, Malásia, Arábia Saudita, Turquia e Paquistão- pediram ontem prioridade às negociações e rejeitaram a opção militar.


Com agências internacionais


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