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Raúl adia troca de gabinete, mas promove general-empresário
DA REDAÇÃO
A ratificação de Raúl Castro
como líder máximo de Cuba -e
seu discurso sobre "eficiência"
e promessas de mudanças econômicas- lança luz sobre o papel econômico das Forças Armadas na ilha, ampliado nas últimas duas décadas.
Empossado anteontem como presidente do Conselho de
Estado, o irmão de Fidel evitou
nomear o gabinete com o qual
vai trabalhar. Disse que a escolha dos integrantes do Conselho de Ministros só será feita
após a análise da estrutura do
Estado e de avaliação do trabalho dos atuais titulares.
O prazo dado por Raúl, 76,
para decidir as mudanças é
também indicativo do ritmo
que ele quer imprimir às reformas. "Pedimos um ano completo para estudar com profundidade estes aspectos", disse à
Assembléia Nacional, ressaltando que, para a decisão, consultou o PC e Fidel.
A exceção no adiamento das
nomeações foi, justamente, a
pasta da Defesa. Para o cargo
que ele ocupou por cinco décadas, Raúl nomeou seu braço direito e até então número 2 na
pasta, Julio Casas Regueiro, 72.
O general Casas -tem três
estrelas, enquanto Raúl tem
quatro- foi dos poucos a se
mover na hierarquia: é agora
um dos cinco vice-presidentes
do Conselho de Estado, órgão
máximo executivo em Cuba.
O conselho tem ainda mais
três generais -dois deles que
ascenderam à instância também no último domingo (veja
quadro nesta página).
Para além das questões de segurança nacional, a folha de
serviços de Casas mostra sua
importância nos empreendimentos da ilha. Ele comanda o
Grupo de Administração Empresarial SA (Gaesa), holding
que reúne os negócios mais lucrativos de Cuba -um coronel
genro de Raúl está na direção.
No longo elogio que fez ao
novo ministro, do qual disse
nunca ter discordado, Raúl
afirmou que Casas era o único
autorizado a vetar suas ordens
nas Forças Armadas.
O principal negócio da holding militar é a companhia de
turismo Gaviota, que transformou várias bases da Marinha
em resorts, muitos dos quais
hoje co-administrados com gigantes espanhóis do setor.
Segundo o Instituto de Estudos de Cuba da Universidade
de Miami, os militares são responsáveis por 60% do PIB cubano e a Gaviota detém cerca
de 25% do total de quartos do
sistema hoteleiro -o turismo é
a principal fonte de divisas.
A holding dirige uma companhia aérea e também estão nas
mãos dos militares uma rede de
pequenos mercados e projetos
de parcerias com empresas estrangeiras na extração de níquel -principal produtos vendido à China- e petróleo.
As empresas militares foram
as primeiras a passar por programas de "aperfeiçoamento",
com incentivo à produtividade.
Muitos analistas vêem nos empreendimentos, e na formação
de executivos-militares com
trânsito internacional, um laboratório para o modelo chinês
de reforma econômica que
Raúl estuda adaptar à ilha.
Igreja e Estado
Respaldados pela presença
do secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, na
ilha, os bispos cubanos cumprimentaram Raúl pela ascensão e
pediram mudanças progressivas na ilha. Bertone, que será a
primeira autoridade estrangeira a se reunir com Raúl, hoje,
classificou como "gesto positivo" a libertação de presos políticos no começo do mês e disse
ter pedido ao governo "gestos
de reconciliação" no tema.
Com agências internacionais
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