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Cabul finca bandeira em bastião de radicais
Governo empossa administrador para Marjah, enquanto Otan e Exército ainda combatem o Taleban
DA REDAÇÃO
O governo do Afeganistão
disse ontem ter tomado o controle de Marjah, bastião do Taleban no sul do país e onde se
desenrola a maior ofensiva do
Exército afegão e da Otan
(aliança militar ocidental) desde a invasão do país comandada
pelos EUA, em 2001.
Em cerimônia simbólica no
centro da cidade, o governador
da Província de Helmand (onde se localiza Marjah), Gulab
Mangal, e um general afegão
hastearam uma bandeira do
país e, diante de cerca de 700 civis, líderes tribais e soldados,
empossaram um administrador da cidade e prometeram
restaurar a segurança e a estabilidade do local para transformá-lo em "símbolo da paz".
Isso não significa, no entanto, o fim da operação militar
nem o domínio total sobre
Marjah. Havia relatos de troca
de tiros no norte da cidade, enquanto forças afegãs e da Otan
continuavam a perseguir insurgentes (que se agrupam em 45
km2 de um total de 200 km2 da
cidade) e a buscar bombas deixadas à beira de estradas.
Oficiais americanos e afegãos já haviam admitido que a
ofensiva militar -que começou no dia 13- durará ao menos um mês. Deve ser preciso
mais tempo ainda para ganhar
o apoio dos 80 mil habitantes
locais, fator tido como crucial
para o sucesso da missão.
Mas, segundo a Otan, há sinais de progresso na cidade, como o retorno de civis que haviam fugido durante o conflito,
a reabertura de lojas e os planos de reconstrução de estradas e de distribuição de sementes agrícolas, numa região tradicionalmente dependente de
plantações de papoula.
O secretário-geral da Otan,
Anders Fogh Rasmussen, disse
que o objetivo é prover "governança" assim que os radicais
forem expulsos dali, para que a
operação em Marjah "sirva de
modelo". A ofensiva é considerada um teste para os planos
bélicos de Barack Obama, que
incluem o envio de mais 30 mil
soldados dos EUA ao conflito.
Um dos reveses da ofensiva
foi a morte de estimados 28 civis até agora (além de 13 soldados da Otan e três do Exército
afegão). Ontem, civis ouvidos
pelo "New York Times" em
Marjah expressavam sentimentos conflitantes quanto à
presença das tropas. "Para nós,
o Taleban e os fuzileiros [americanos] são a mesma coisa",
disse o morador Juma Gul, 20.
"Eles estão nos matando. Não
queremos nenhum deles."
Líderes derrubados
O Paquistão disse ontem que
vai entregar às autoridades afegãs o número 2 do Taleban,
mulá Abdul Ghani Baradar,
preso recentemente pelo serviço secreto paquistanês. Ele é 1
dos quase 15 insurgentes que
Islamabad diz ter em custódia.
Também ontem, o país disse
que Mohammed Qari Zafar,
outro líder radical, morreu em
bombardeio atribuído à CIA na
fronteira afegã.
As prisões indicam um golpe
ao Taleban, mas o grupo é conhecido por sua habilidade em
substituir suas lideranças.
Com "New York Times" e agências internacionais
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