São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Cabul finca bandeira em bastião de radicais

Governo empossa administrador para Marjah, enquanto Otan e Exército ainda combatem o Taleban

DA REDAÇÃO

O governo do Afeganistão disse ontem ter tomado o controle de Marjah, bastião do Taleban no sul do país e onde se desenrola a maior ofensiva do Exército afegão e da Otan (aliança militar ocidental) desde a invasão do país comandada pelos EUA, em 2001.
Em cerimônia simbólica no centro da cidade, o governador da Província de Helmand (onde se localiza Marjah), Gulab Mangal, e um general afegão hastearam uma bandeira do país e, diante de cerca de 700 civis, líderes tribais e soldados, empossaram um administrador da cidade e prometeram restaurar a segurança e a estabilidade do local para transformá-lo em "símbolo da paz".
Isso não significa, no entanto, o fim da operação militar nem o domínio total sobre Marjah. Havia relatos de troca de tiros no norte da cidade, enquanto forças afegãs e da Otan continuavam a perseguir insurgentes (que se agrupam em 45 km2 de um total de 200 km2 da cidade) e a buscar bombas deixadas à beira de estradas.
Oficiais americanos e afegãos já haviam admitido que a ofensiva militar -que começou no dia 13- durará ao menos um mês. Deve ser preciso mais tempo ainda para ganhar o apoio dos 80 mil habitantes locais, fator tido como crucial para o sucesso da missão.
Mas, segundo a Otan, há sinais de progresso na cidade, como o retorno de civis que haviam fugido durante o conflito, a reabertura de lojas e os planos de reconstrução de estradas e de distribuição de sementes agrícolas, numa região tradicionalmente dependente de plantações de papoula.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse que o objetivo é prover "governança" assim que os radicais forem expulsos dali, para que a operação em Marjah "sirva de modelo". A ofensiva é considerada um teste para os planos bélicos de Barack Obama, que incluem o envio de mais 30 mil soldados dos EUA ao conflito.
Um dos reveses da ofensiva foi a morte de estimados 28 civis até agora (além de 13 soldados da Otan e três do Exército afegão). Ontem, civis ouvidos pelo "New York Times" em Marjah expressavam sentimentos conflitantes quanto à presença das tropas. "Para nós, o Taleban e os fuzileiros [americanos] são a mesma coisa", disse o morador Juma Gul, 20. "Eles estão nos matando. Não queremos nenhum deles."

Líderes derrubados
O Paquistão disse ontem que vai entregar às autoridades afegãs o número 2 do Taleban, mulá Abdul Ghani Baradar, preso recentemente pelo serviço secreto paquistanês. Ele é 1 dos quase 15 insurgentes que Islamabad diz ter em custódia. Também ontem, o país disse que Mohammed Qari Zafar, outro líder radical, morreu em bombardeio atribuído à CIA na fronteira afegã.
As prisões indicam um golpe ao Taleban, mas o grupo é conhecido por sua habilidade em substituir suas lideranças.

Com "New York Times" e agências internacionais



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