São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Filho de fundador do Hamas revela ter sido espião de Israel

Mosab Hassan Yousef ajudou a evitar atentado contra atual presidente israelense, Shimon Peres

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O filho de um dos fundadores do grupo extremista palestino Hamas ajudou a evitar um atentado contra o atual presidente de Israel, Shimon Peres.
Mosab Hassan Yousef trabalhou por mais de uma década como informante do serviço secreto israelense, que em seu código interno se referia a ele como "príncipe verde", em alusão à cor da bandeira do Hamas.
A tentativa de assassinar Peres está entre as revelações contidas no livro de memórias de Mosab, que será lançado na próxima semana nos EUA e promete incendiar ainda mais as intrigas de espionagem que têm agitado o Oriente Médio.
Mosab, 32, tornou-se cristão devoto há dez anos e hoje vive na Califórnia. Seu pai, o xeque Hassan Yousef, foi um dos fundadores do grupo islâmico Hamas, arqui-inimigo de Israel, onde está preso por envolvimento com terrorismo.
A existência durante anos de um espião palestino tão próximo da cúpula do Hamas é mais uma demonstração da vulnerabilidade do movimento radical, que ainda se recupera da execução em Dubai de um de seus principais dirigentes por agentes estrangeiros.
Segundo trechos do livro antecipados pelo jornal israelense "Haaretz", dezenas de atentados suicidas e planos de assassinar políticos de Israel foram frustrados graças às informações fornecidas por Mosab.
Ele conta que em 2001, depois que atentados suicidas deixaram dezenas de mortos em Tel Aviv e Jerusalém, seu pai tentou convencer o fabricante das bombas a abortar ataques já planejados, entre eles contra Shimon Peres, na época ministro das Relações Exteriores, para evitar uma retaliação violenta de Israel.
Mosab teria servido de motorista para o pai, e assim conseguiu obter informações sobre os planos, que passou para Israel. Com o tempo, afirma o "Haaretz", Mosab se tornaria o principal agente na Cisjordânia do Shin Bet, o serviço secreto interno israelense.
O Hamas e alguns comentaristas árabes viram a publicação das memórias de Mosab como um plano israelense para desviar a atenção da execução em Dubai de Mahmoud al Mabhouh, responsável pelo tráfico de armas para a faixa de Gaza.
Embora sem provas conclusivas, a polícia de Dubai continua acusando o Mossad, serviço de inteligência israelense, pelo assassinato.


Texto Anterior: Cabul finca bandeira em bastião de radicais
Próximo Texto: Foco: Vazamento em aquário fecha shopping em Dubai, o maior do Oriente Médio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.