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Filho de fundador do Hamas revela ter sido espião de Israel
Mosab Hassan Yousef ajudou a evitar atentado contra atual presidente israelense, Shimon Peres
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O filho de um dos fundadores
do grupo extremista palestino
Hamas ajudou a evitar um
atentado contra o atual presidente de Israel, Shimon Peres.
Mosab Hassan Yousef trabalhou por mais de uma década
como informante do serviço secreto israelense, que em seu código interno se referia a ele como "príncipe verde", em alusão
à cor da bandeira do Hamas.
A tentativa de assassinar Peres está entre as revelações
contidas no livro de memórias
de Mosab, que será lançado na
próxima semana nos EUA e
promete incendiar ainda mais
as intrigas de espionagem que
têm agitado o Oriente Médio.
Mosab, 32, tornou-se cristão
devoto há dez anos e hoje vive
na Califórnia. Seu pai, o xeque
Hassan Yousef, foi um dos fundadores do grupo islâmico Hamas, arqui-inimigo de Israel,
onde está preso por envolvimento com terrorismo.
A existência durante anos de
um espião palestino tão próximo da cúpula do Hamas é mais
uma demonstração da vulnerabilidade do movimento radical,
que ainda se recupera da execução em Dubai de um de seus
principais dirigentes por agentes estrangeiros.
Segundo trechos do livro antecipados pelo jornal israelense
"Haaretz", dezenas de atentados suicidas e planos de assassinar políticos de Israel foram
frustrados graças às informações fornecidas por Mosab.
Ele conta que em 2001, depois que atentados suicidas
deixaram dezenas de mortos
em Tel Aviv e Jerusalém, seu
pai tentou convencer o fabricante das bombas a abortar ataques já planejados, entre eles
contra Shimon Peres, na época
ministro das Relações Exteriores, para evitar uma retaliação
violenta de Israel.
Mosab teria servido de motorista para o pai, e assim conseguiu obter informações sobre
os planos, que passou para Israel. Com o tempo, afirma o
"Haaretz", Mosab se tornaria o
principal agente na Cisjordânia
do Shin Bet, o serviço secreto
interno israelense.
O Hamas e alguns comentaristas árabes viram a publicação das memórias de Mosab como um plano israelense para
desviar a atenção da execução
em Dubai de Mahmoud al Mabhouh, responsável pelo tráfico
de armas para a faixa de Gaza.
Embora sem provas conclusivas, a polícia de Dubai continua acusando o Mossad, serviço de inteligência israelense,
pelo assassinato.
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