São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011 |
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EUA e UE ampliam pressão; Gaddafi fala em "triunfo" Capital líbia, Trípoli assiste a outro discurso do ditador enquanto ruas são tomadas por confrontos violentos
ÁLVARO FAGUNDES DE NOVA YORK Cada vez mais isolado dentro do seu país, o ditador líbio, Muammar Gaddafi, sofre o recrudescimento também do cerco externo. EUA e União Europeia anunciaram ontem sanções à Líbia. O governo americano informou que fechará sua embaixada em Trípoli e que adotará outras medidas unilaterais para "pressionar o regime". Na Europa, países-membros do bloco declararam embargo de venda de armas à Líbia e o bloqueio dos bens de autoridades do governo líbio em seus territórios. Gaddafi fez o terceiro pronunciamento da semana. Pediu que seus seguidores defendam a Líbia. "Estamos prontos para triunfar", disse, em Trípoli, que mais uma vez teve confrontos. O barril de petróleo tipo Brent fechou em US$ 112,14, alta de US$ 1. Sem esperar por uma decisão do Conselho de Segurança da ONU (CS), os EUA suspenderam ontem as atividades de sua embaixada na Líbia e disseram que pretendem adotar sanções unilaterais contra o ditador Muammar Gaddafi. A Casa Branca não deu detalhes de quais serão as medidas, mas provavelmente elas vão incluir o embargo da venda de armas e o congelamento dos ativos de autoridades líbias no exterior. O governo americano disse que já retirou todo o seu pessoal da embaixada em Trípoli e que todas as atividades diplomáticas na capital líbia foram interrompidas. Os EUA disseram ainda que apoiam a suspensão da Líbia como membro da ONU. Não são só os EUA que vão impor sanções à Líbia. A UE também disse que pretende fazer o mesmo, com medidas similares às de Washington. Mas o Conselho de Segurança, reunido em Nova York, não chegou a um consenso entre os 15 membros sobre qual ação adotar. O CS volta a se encontrar hoje para debater a proposta feita por Reino Unido e França, que considera os ataques "crimes contra a humanidade", sugere o embargo de armas e o congelamento dos ativos dos líderes líbios. Porém, é improvável que a resolução seja votada com o texto atual, já que é necessário atender os interesses dos 15 membros do CS (entre eles, o Brasil) para que a aprovação seja unânime. A reunião em Nova York também marcou mais uma deserção dos apoiadores do ditador líbio: Abdurrahman Mohamed Shalgham, o embaixador do país na ONU e que até ao menos terça-feira apoiava o ditador, pediu ontem o fim dos ataques. Em entrevista a repórteres, com os olhos lacrimejando, ele defendeu sanções contra Gaddafi e filhos. "Não podia imaginar no começo a quantidade de vítimas, há cadáveres por todos os lados." Dezenas de outros diplomatas anunciaram nesta semana que não representam Gaddafi, e sim o povo líbio. DIREITOS HUMANOS Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH) recomendou a suspensão da Líbia como integrante do organismo de 47 países -é a primeira vez que um membro do CDH corre o risco de ser suspenso. Em resolução aprovada por consenso (e que teve o Brasil como um dos seus copatrocinadores), o CDH condenou a violência e exigiu investigação internacional sobre os abusos. A alta secretária para Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, pediu ações para interromper a violência e que os autores dos ataques sejam responsabilizados. "Mais precisa ser feito. Eu encorajo os protagonistas internacionais a tomarem as medidas para parar com o banho de sangue." Próximo Texto: Violência cresce na capital, último reduto do regime Índice | Comunicar Erros |
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