São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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Brasileiros embarcam e se dizem aliviados

Funcionários da Queiroz Galvão esperam navio sair em direção à Grécia; eles se queixam de demora do Itamaraty

Viagem a Atenas levará 17 horas; funcionários de Petrobras, Odebrecht e Andrade Gutierrez já saíram, diz ministério


DOS ENVIADOS A BENGHAZI (LÍBIA) E A ATENAS

Depois de oito dias ilhados no epicentro da revolta, os 148 brasileiros que estavam em Benghazi embarcaram em navio a caminho da Grécia, de onde deverão seguir para o Brasil. A viagem a Atenas deve levar 17 horas.
Eles estavam no país a serviço da construtora Queiroz Galvão, que tem projetos de infraestrutura em seis cidades em torno de Benghazi. Todos escaparam a salvo.
No porto de Benghazi, a sensação era principalmente de alívio. Muitos, porém, também reclamavam da demora da empresa e do Itamaraty em providenciar a saída.
A empresa já tentara fazer o resgate com avião fretado, mas o plano foi por água abaixo depois que o aeroporto da cidade foi destruído.
O embaixador em Trípoli, George Ney de Souza Fernandes, foi criticado por minimizar a gravidade da situação, o que teria atrasado o resgate. "Ele pagou para ver", disse o encarregado de obras Marcos Vinicius, que estava há um ano e meio na Líbia.
Marcos Jordão, diretor da Queiroz Galvão no norte da África, contou que se reuniu na semana passada com o embaixador e, enquanto ouvia que a situação estava sob controle, um executivo ligou de Benghazi para "transmitir" o incessante tiroteio. Mas ele não culpa o diplomata: "Foi tudo muito rápido".
O casal Marcelo e Clarice Soares experimentou de perto os sons da revolta. O prédio em que moravam fica a 400 m do QG do Exército em Benghazi, onde houve alguns dos piores confrontos.
"Parecia que os tiros eram dentro do prédio", diz Marcelo, gerente administrativo, há quase três anos em Benghazi. Há um ano, Clarice juntou-se a ele. Naturais de Recife, agora querem descansar com a família antes de pensar se voltarão à Líbia.

SEM PASSAPORTE
Os brasileiros estão sem passaportes, que, pelas leis da Líbia, ficam retidos em Trípoli. Em Atenas, receberão nova documentação para viajar ao Brasil, em voos fretados pela Queiroz Galvão.
Em nota, o Itamaraty informou que todo o pessoal brasileiro da empresa Odebrecht foi transportado anteontem para Malta, em dois aviões.
O ministério diz ainda que, de Trípoli, já partiram em diferentes voos todos os funcionários da Petrobras e da Andrade Gutierrez. Segundo o Itamaraty, continuam na capital um diretor da Queiroz Galvão, os funcionários da embaixada e o embaixador.
(MARCELO NINIO E VAGUINALDO MARINHEIRO)


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