São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Líder xiita rebelde ameaça encerrar trégua no Iraque

Moqtada al Sadr adverte governo após ofensiva que deixou 20 mortos em Basra

Clérigo cogita ordenar até destruição de poços de petróleo; cessar-fogo em vigor há seis meses levou a redução da violência no país

Thaier al-Sudani/Reuters
Seguidores do clérigo xiita Moqtada al Sadr protestam em Bagdá contra ofensiva que deixou pelo menos 20 mortos em Basra

DA REDAÇÃO

Depois que combates entre soldados do Exército iraquiano e milicianos xiitas deixaram pelo menos 20 mortos em Basra, o líder xiita Moqtada al Sadr ameaçou ontem ordenar que seus seguidores lancem um ataque generalizado contra alvos do governo em todo o país. A medida encerraria um cessar-fogo, crucial para reduzir a violência no Iraque, que vigora desde agosto do ano passado.
Segundo comunicado lido por um assessor, o clérigo está disposto a convocar um movimento de "greve geral e desobediência civil" em todo o território iraquiano se o governo não suspender a ofensiva lançada anteontem contra bases do Exército de Mehdi, milícia de Sadr. O líder também cogita ordenar a "destruição de poços de petróleo", fundamentais para a economia iraquiana.
Membros da organização de Sadr afirmaram que o cessar-fogo decretado em agosto ainda está em vigor, mas deixaram claro que estão dispostos "a recorrer a outros métodos" se a ofensiva do governo continuar -uma referência à possibilidade de pôr fim à trégua do Exército de Mehdi que, combinada ao recrutamento de milicianos sunitas anti-Al Qaeda pelos EUA, permitiu uma redução de 60% da violência no segundo semestre de 2007.

Toque de recolher
A violência em Basra, segunda maior cidade do Iraque e principal porto para as exportações de petróleo, no sul do país, começou na noite de segunda, após o governo enviar soldados à área numa tentativa de pôr fim à disputa entre facções xiitas pelo controle local.
Sadr acusa o governo central de Bagdá de apoiar grupos xiitas rivais para enfraquecer o Exército de Mehdi. Um porta-voz das forças iraquianas negou que o alvo da ofensiva tenha sido algum grupo em particular.
Basra está sob toque de recolher, e as ruas da cidade estão tomadas por homens armados e veículos de combate. Imagens de televisão mostraram soldados iraquianos correndo por ruas vazias, enquanto helicópteros e caças sobrevoavam a área. O primeiro-ministro, Nuri al Maliki, está na área para coordenar pessoalmente a operação, que pode envolver até 15 mil soldados, segundo a BBC.
A violência se espalhou por outras cidades que também estão sob toque de recolher, como Kut e a capital, Bagdá -onde a ultraprotegida Zona Verde, centro do comando militar americano e do governo iraquiano, foi atingida por mísseis que mataram um funcionário dos EUA. Pela primeira vez em seis meses, milicianos do Exército de Mehdi foram vistos percorrendo as ruas de Bagdá.


Com agências internacionais


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