São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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ACIDENTE

Autoridades não acreditam que haja sobreviventes do vôo, na terceira grande tragédia aérea na Ásia desde abril

Avião com 225 a bordo cai perto de Taiwan

France Presse
Parentes de vítimas do acidente de avião choram em Taiwan


DA REDAÇÃO

Um avião da companhia aérea taiwanesa China Airlines caiu no mar do estreito de Taiwan ontem quando voava de Taipé rumo a Hong Kong. Autoridades disseram que é pouco provável que haja sobreviventes.
Redes de TV a cabo disseram que mais de cem corpos foram avistados na costa de Makung, capital das ilhas Penghu, a cerca de 50 km a oeste de Taiwan, mas o gabinete do governo da ilha desmentiu o relato. Grupos de resgate recuperaram corpos perto das ilhas, também conhecidas como Pescadores, e avistaram uma porta de cabine, coletes salva-vidas e uma mancha de óleo no mar.
A aeronave Boeing-747/200 levava 206 passageiros, incluindo três bebês, e 19 tripulantes. O avião decolou pouco depois das 15h (3h de sábado, horário de Brasília) de Taipé e desapareceu cerca de 20 minutos depois, perto de Penghu. O vôo CI 611 para Hong Kong duraria uma hora e meia.
O vice-presidente da companhia, James Chang, disse que cinco corpos haviam sido encontrados. Antes, o corpo de um homem havia sido encontrado perto do porto das ilhas Penghu.
"Quase não há chance de haver sobreviventes", disse Chang Kuo-cheng, da Administração Aeronáutica Civil de Taiwan. "Dada a altitude quando o avião começou a cair, eu não acredito que nenhuma pessoa possa suportar o impacto", afirmou.
Segundo o órgão, as condições da aeronave, do tempo e do vôo eram normais e não houve pedido de socorro do piloto.
De acordo com a China Airlines, o avião voava a uma altitude de 35 mil pés (cerca de 10,6 mil metros) quando desapareceu.
A companhia disse que é pouco provável que uma falha mecânica tenha provocado a queda do avião. "Se houvesse um problema mecânico, o piloto teria tido tempo suficiente para contatar a torre de controle aéreo", disse o presidente da China Airlines, Wei Hsin-hsiung. "Não posso especular sobre a causa do acidente."
O vice-ministro de Transportes, Chang Chia-juch, descartou a possibilidade de uma explosão no ar, mas a TV local TVBS mostrou imagens de fazendeiros na região de Changhua, a 75 km do local da queda, segurando pedaços de revistas de bordo.
Segundo a agência de notícias Reuters, pelo menos um homem, um pescador identificado apenas como Lee, disse à ETTV que ouviu uma explosão. "Pensei que eram pescadores do continente utilizando dinamites." Dinamite é usada na costa de Taiwan para atordoar os peixes, que emergem à superfície e são capturados.
A empresa aérea montou um centro para as famílias das vítimas em um hotel perto do aeroporto de Taipé. Dos 206 passageiros, a maioria era de Taiwan, 14 de Hong Kong ou Macau e um de Cingapura. Também havia um europeu, mas sua nacionalidade não foi divulgada.

Segurança
Foi o quarto acidente fatal da China Airlines desde 1994, e o terceiro desastre aéreo de grandes proporções na Ásia desde abril, quando um Boeing-767 da Air China, que ia de Pequim (China) a Pusan (Coréia do Sul), atingiu uma montanha, matando 128 das 166 pessoas a bordo. No dia 7 de maio, um MD-82 da China Northern caiu no mar perto de Dalian, na China, matando todas as 112 pessoas que estavam a bordo.
O último acidente da China Airlines aconteceu no dia 22 de agosto de 1999, quando um MD-11 virou e pegou fogo durante aterrissagem em Hong Kong, matando três pessoas.
"Segurança é nossa prioridade máxima", disse David Fei, gerente-geral da companhia em Hong Kong, acrescentando que a companhia havia recebido um certificado, há dois anos, da International Standards Organization, órgão internacional que define as referências de controle de qualidade para indústrias globais.
Segundo Fei, o avião tinha 22 anos e passava por revisões de manutenção todo ano. A aeronave, construída em 1979, era a última do seu tipo na frota da companhia aérea taiwanesa.
Devido a uma série de acidentes nos anos 90, a China Airlines chegou a ser considerada uma das mais perigosas transportadoras aéreas do mundo, mas em anos recentes a empresa vem dando ênfase à segurança.
A companhia aérea disse que o acidente pode afetar o número de vôos de Taiwan para Hong Kong concedidos à empresa, pois Taipé e Hong Kong estão renegociando um acordo de aviação. A rota Taiwan-Hong Kong é conhecida como "rota dourada" da Ásia por ser lucrativa para a empresa.

Condolências
O presidente da Associação para Relações através do Estreito de Taiwan (Arats), Wang Daohan, da China, apresentou seus pêsames à ilha, segundo a agência de notícias Xinhua.
Daohan disse solidarizar com as famílias das vítimas do acidente, que causou "enorme perda de vidas e propriedade aos compatriotas de Taiwan". Nove dos passageiros eram do continente, disse a agência Xinhua.
A China continental considera Taiwan, que fica a 160 km de distância, uma "Província rebelde" desde que Chiang Kai-shek, do Partido Nacionalista, fugiu para lá, em 1949, após ser derrotado numa guerra civil pelos comunistas liderados por Mao Tsé-tung. Taiwan não é reconhecida como Estado soberano pela ONU.
Um funcionário da Arats disse à Reuters que o centro de resgate marítimo da China ofereceu ajuda na busca nas águas, a cerca de 150 km da costa da Província de Fujian. "No momento, eles não precisam de assistência", disse o funcionário. "Mas disseram que querem ser informados se o lado chinês encontrar qualquer coisa relacionada ao acidente."

Com agências internacionais


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