São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Pesquisa mostra que 54% criticam o envolvimento no Iraque, mas empate de Bush com Kerry persiste

Maioria nos EUA considera a guerra um erro

DA REDAÇÃO

Pesquisa do Gallup divulgada pela TV CNN e pelo jornal "USA Today" ontem, a cinco dias da transição no Iraque, mostra que a maioria dos americanos (54%) consideram a guerra -uma das maiores bandeiras do governo Bush- "um erro", contra 44% que a vêem como um acerto.
Foi a segunda pesquisa desfavorável a Bush em uma semana -a primeira questionou sua capacidade de lidar com o terrorismo.
O levantamento, feito por telefone entre os dias 21 e 23 com 1.005 americanos, mostra uma alteração abrupta dos números da pesquisa anterior. Além disso, embora outras pesquisas já indicassem o crescimento da oposição à guerra, esta é a primeira vez que a resposta negativa supera a positiva fora da margem de erro (de 4,5 pontos para cima ou para baixo).
Bush também perdeu pontos na questão da segurança doméstica: indagados se a guerra iniciada em março de 2003 fez dos EUA um lugar mais seguro, 55% dos entrevistados responderam que não, e 37% opinaram que sim -a margem aqui é de três pontos.
O presidente já havia sofrido um revés na última segunda-feira, quando uma pesquisa do jornal "Washington Post" com a TV ABC indicou uma queda de 13 pontos, em dois meses, no apoio ao modo como Bush está conduzindo a guerra ao terror -tema que, com a Guerra do Iraque e a economia, domina a campanha para a eleição de novembro.
Mais do que em outros campos, é na segurança que o atual presidente busca se diferenciar de seu principal adversário, o democrata John Kerry. Mas os altos custos da guerra somados à morte de mais de 800 soldados americanos e à escalada de violência no Iraque -neste mês foram quase 200 mortos em ataques- deterioraram o apoio à operação militar.
Embora seja considerado mais apto a lidar com o terror por 54% -na pesquisa do "Post" a situação se inverteu, ainda que dentro da margem de erro-, Bush perdeu preferência quando a questão é quem conduziria melhor a ação no Iraque: 47% citam seu nome, mas 46% respondem "Kerry".
O presidente também perde quando o assunto é economia, embora seu desempenho tenha sofrido uma ligeira melhora de avaliação. Nesse caso, Kerry é considerado mais competente por 53%, e Bush, por 40%.
Mas a pesquisa mostra que os dois candidatos seguem empatados nas intenções de voto -Bush tem 49%, e Kerry, 48%. Com Ralph Nader na disputa, o republicano tem 48%, o democrata, 47%, e o independente, 3%.

Protesto na Irlanda
Cerca de 10 mil pessoas protestaram em Dublin contra Bush, que está na Irlanda para uma reunião com líderes da União Européia neste fim de semana.
A recepção contrasta com a calorosa acolhida irlandesa a outros presidentes do EUA no passado. Chamando Bush de "senhor da guerra", os militantes exigiram a retirada de um posto de abastecimento militar americano do aeroporto de Shannon, na Irlanda.
Nos cinco dias em que ficará na Europa, Bush buscará convencer seus aliados no continente de que a Otan deve ajudar nos esforços no Iraque. Tudo indica que um acordo será anunciado na segunda ou na terça durante a cúpula da aliança militar ocidental na Turquia, quando os europeus devem concordar em que a Otan treine futuros soldados iraquianos.


Com agências internacionais

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