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GUERRA SEM LIMITES
Inspetores se dizem preocupados com desrespeito aos direitos humanos; ministro britânico critica EUA
Relatores da ONU querem ir a Guantánamo
DA REDAÇÃO
Trinta e um relatores da ONU
para direitos humanos lançaram
ontem um manifesto em que pedem aos países que mantêm detidos suspeitos de ligação com o
terrorismo que autorizem a fiscalização de suas prisões.
O documento, divulgado no final do encontro anual dos relatores em Genebra (Suíça), manifesta preocupação quanto à "grave
incidência de certas medidas tomadas em nome da luta contra o
terrorismo em detrimento dos direitos e liberdades fundamentais". Hoje é o dia mundial de
apoio às vítimas da tortura.
Os relatores querem que quatro
monitores das Nações Unidas tenham acesso às prisões do Iraque,
do Afeganistão e da base americana em Guantánamo (Cuba).
Os quatro são: Theo Van Boven,
relator sobre tortura, Leandro
Despouy, relator sobre independência do Judiciário, Paul Hunt,
especialista em direito à saúde, e
Leila Zerrougui, do grupo de trabalho sobre detenções forçadas.
Van Boven disse que ele e outros especialistas pensam que o
respeito aos direitos humanos retrocedeu desde o início da campanha antiterror que se seguiu aos
ataques de 11 de setembro de 2001.
"Se fala sério quando diz que rejeita a tortura, o governo dos Estados Unidos deve, então, permitir
a entrada dos inspetores da
ONU", afirmou Reed Brody, advogado da organização de defesa
dos direitos humanos Human
Rights Watch.
Van Boven afirmou que as críticas não devem se concentrar apenas nos EUA, observando que
anotou em um relatório apresentado às Nações Unidas no início
do ano denúncias de tortura em
80 países. "Temos de tentar não
ser seletivos. Temos de estar conscientes de que há muitos problemas em outros lugares."
Van Boven citou especificamente o caso da Tchetchênia, república russa separatista. O governo de Vladimir Putin se recusou a permitir uma visita do relator para apurar acusações de que
as tropas russas cometem violações contra os direitos de civis.
Reino Unido
Em discurso programado para
ontem à noite na Associação Internacional de Lei Penal, em Paris,
o ministro da Justiça britânico,
Peter Goldsmith, iria fazer graves
críticas aos tribunais militares
montados pelos Estados Unidos
para julgar os "combatentes inimigos" mantidos em Guantánamo.
No texto, divulgado com antecedência às agências de notícias,
Goldsmith afirma que a comunidade internacional deve ser "flexível e imaginativa" na luta contra
grupos terroristas, mas que "há
certos princípios que não se podem comprometer".
"Os julgamentos justos são alguns deles. E por essa razão o Reino Unido não pode aceitar a afirmação de que os tribunais militares americanos propostos para os
detidos em Guantánamo oferecem as garantias suficientes para
um julgamento justo, de acordo
com as normas internacionais",
diz um trecho do discurso.
Não é segredo que o governo do
premiê Tony Blair é contrário ao
tratamento que os Estados Unidos dão aos prisioneiros de Guantánamo. No entanto as palavras
de Goldsmith representam um
endurecimento da oposição à política adotada pelos americanos.
Dos cerca de 650 supostos terroristas que foram mandados para a
base americana na ilha de Cuba
desde o início da guerra ao terror,
nove eram britânicos. Em março,
os Estados Unidos decidiram
transferir a custódia de cinco deles para o Reino Unido. Pouco depois de chegarem ao país, eles foram libertados pelo governo britânico por falta de provas.
Com agências internacionais
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