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Chanceler de Timor apresenta demissão e aprofunda a crise
Gesto foi resposta à recusa do primeiro-ministro Alkatiri, responsabilizado pela turbulência recente, em renunciar
José Ramos Horta, Nobel da paz em 1996, que acumula a pasta da Defesa, prometeu
exercer suas funções até a formação de novo governo
DA REDAÇÃO
O partido que governa Timor
Leste rejeitou as pressões pela
renúncia do primeiro-ministro
Mari Alkatiri, que vem sendo
responsabilizado pela pior crise desde a independência do
país, contrariando os pedidos
do presidente Xanana Gusmão
e levando o chanceler José Ramos Horta a anunciar que deixará o cargo.
As divergências ameaçam
desagregar ainda mais a frágil
liderança timorense, que tenta
retomar o controle do país com
a ajuda de tropas estrangeiras
após os confrontos que deixaram ao menos 30 mortos e levaram cerca de 150 mil pessoas
a fugir da capital, Dili.
Muitos timorenses acusam o
premiê Alkatiri de ter ajudado a
deflagrar a crise ao expulsar do
Exército cerca de 600 soldados
em abril. Alkatiri também é
suspeito de ter formado uma
milícia armada para silenciar
seus rivais, o que o premiê nega.
Considerado um dos heróis
da resistência contra os 24 anos
de ocupação indonésia, o presidente Xanana Gusmão disse na
semana passada que renunciaria caso Alkatiri insistisse em
permanecer no cargo, o que levou milhares de pessoas às ruas
para exigir a saída do premiê.
Apesar das pressões, a Fretilin (Frente Revolucionária de
Timor Leste Independente), o
partido no poder, anunciou
após uma reunião de emergência que Alkatiri decidira aceitar
o "apelo unânime" de seu comitê central para ficar no poder.
"Quando [o ex-presidente dos
EUA Bill] Clinton foi acusado,
ele renunciou?", indagou o ministro da Agricultura e um dos
principais líderes da Fretilin,
Estanislau da Silva.
O gabinete do presidente Xanana Gusmão não informou
qual seria seu próximo passo.
Mas Ramos Horta, seu antigo
aliado e Nobel da paz de 1996
por sua luta não-violenta contra o domínio indonésio, reagiu
à permanência de Alkatiri
anunciando sua demissão. Ramos Horta, que passou a acumular a pasta da Defesa no mês
passado devido à crise, disse
que exercerá as funções "até
que um novo governo seja formado."
O ministro dos Transportes,
Ovideo Amaral, também apresentou sua demissão.
Com agências internacionais
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