São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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Chanceler de Timor apresenta demissão e aprofunda a crise

Gesto foi resposta à recusa do primeiro-ministro Alkatiri, responsabilizado pela turbulência recente, em renunciar

José Ramos Horta, Nobel da paz em 1996, que acumula a pasta da Defesa, prometeu exercer suas funções até a formação de novo governo

DA REDAÇÃO

O partido que governa Timor Leste rejeitou as pressões pela renúncia do primeiro-ministro Mari Alkatiri, que vem sendo responsabilizado pela pior crise desde a independência do país, contrariando os pedidos do presidente Xanana Gusmão e levando o chanceler José Ramos Horta a anunciar que deixará o cargo.
As divergências ameaçam desagregar ainda mais a frágil liderança timorense, que tenta retomar o controle do país com a ajuda de tropas estrangeiras após os confrontos que deixaram ao menos 30 mortos e levaram cerca de 150 mil pessoas a fugir da capital, Dili.
Muitos timorenses acusam o premiê Alkatiri de ter ajudado a deflagrar a crise ao expulsar do Exército cerca de 600 soldados em abril. Alkatiri também é suspeito de ter formado uma milícia armada para silenciar seus rivais, o que o premiê nega.
Considerado um dos heróis da resistência contra os 24 anos de ocupação indonésia, o presidente Xanana Gusmão disse na semana passada que renunciaria caso Alkatiri insistisse em permanecer no cargo, o que levou milhares de pessoas às ruas para exigir a saída do premiê.
Apesar das pressões, a Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), o partido no poder, anunciou após uma reunião de emergência que Alkatiri decidira aceitar o "apelo unânime" de seu comitê central para ficar no poder. "Quando [o ex-presidente dos EUA Bill] Clinton foi acusado, ele renunciou?", indagou o ministro da Agricultura e um dos principais líderes da Fretilin, Estanislau da Silva.
O gabinete do presidente Xanana Gusmão não informou qual seria seu próximo passo.
Mas Ramos Horta, seu antigo aliado e Nobel da paz de 1996 por sua luta não-violenta contra o domínio indonésio, reagiu à permanência de Alkatiri anunciando sua demissão. Ramos Horta, que passou a acumular a pasta da Defesa no mês passado devido à crise, disse que exercerá as funções "até que um novo governo seja formado."
O ministro dos Transportes, Ovideo Amaral, também apresentou sua demissão.


Com agências internacionais


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