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Cúpula egípcia isola mais o Hamas
Israel, Jordânia e Egito se unem para manifestar apoio ao presidente palestino e pressionar grupo islâmico
Após liberar milhões para o governo de emergência de Abbas, premiê israelense promete libertar 250 presos
palestinos ligados ao Fatah
DA REDAÇÃO
Num gesto destinado a isolar
ainda mais o grupo islâmico
Hamas, que tomou o poder em
Gaza à força há 11 dias, os líderes de Israel, Jordânia e Egito
se reuniram ontem no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh
para manifestar apoio ao gabinete de emergência criado pelo
presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
Depois de anunciar, no sábado, a liberação de milhões de
dólares em impostos da ANP, o
premiê de Israel, Ehud Olmert,
comunicou ontem que pedirá a
libertação de 250 prisioneiros
do Fatah, a facção liderada por
Abbas que foi expulsa da faixa
de Gaza -há cerca de 10 mil palestinos em prisões israelenses.
Perto de US$ 700 milhões
em impostos foram coletados
por Israel desde a chegada ao
poder do Hamas, em janeiro de
2006, mas o repasse ao governo
palestino foi congelado devido
à recusa do grupo islâmico em
reconhecer o direito de existência do Estado judeu. A expectativa é de que metade desse montante seja liberada.
Se as razões de Israel para
buscar o isolamento do Hamas
são claras, o apoio de Egito e
Jordânia a Abbas demonstra a
preocupação com o aumento
da influência da Síria e do Irã e
a crescente ameaça do islamismo político aos grupos dominantes da região.
Essa preocupação é mais clara no Egito, onde o principal foco de oposição ao ditador Hosni
Mubarak é a Irmandade Muçulmana, movimento que inspirou a criação do Hamas. Mas
a Jordânia também compartilha o temor e chegou a prender
militantes do Hamas no ano
passado, após acusá-los de um
complô terrorista.
Apesar de defender a "legitimidade" de Abbas, Mubarak
pediu a retomada dos contatos
entre Fatah e Hamas. Para o ditador egípcio, "o retorno ao diálogo é uma necessidade urgente, que não pode esperar". Ismail Haniyeh, premiê destituído por Abbas após a tomada de
Gaza, reagiu ao apelo dizendo
que está disposto a dialogar
com o Fatah "imediatamente".
É improvável, porém, que o
presidente Abbas aceite a oferta. Na semana passada, o presidente palestino reiterou que
não dialogará com o Hamas, em
um discurso duro no qual chamou os militantes islâmicos de
"assassinos golpistas" e "terroristas". Na reunião de Sharm
el-Sheikh, Abbas deixou claro
que a negociação que lhe interessa no momento é com Israel.
Deixando escapar um certo
desapontamento com a falta de
iniciativa do premiê israelense
em retomar o processo de paz,
Abbas exortou Olmert a "começar negociações políticas sérias,
de acordo com um cronograma
consensual, com o objetivo de
estabelecer um Estado palestino independente". "Minha
mão está estendida ao povo de
Israel", disse Abbas.
Olmert, embora sem anunciar passos concretos para alcançar um acordo com Abbas,
disse que o objetivo é esse.
"Não pretendo deixar essa
oportunidade escapar", disse o
premiê de Israel.
Não à Al Qaeda
O número dois da rede terrorista Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, pediu ontem aos muçulmanos espalhados pelo mundo
que ajudem a financiar e a armar o Hamas. Em um vídeo
veiculado ontem na internet,
aparentemente para coincidir
com a reunião de cúpula no
Egito, ele pediu a união do
mundo islâmico em favor do
Hamas.
O grupo islâmico palestino,
contudo, rejeitou associar seus
objetivos aos da Al Qaeda. "O
Hamas tem seu próprio programa, independentemente de comentários desse ou daquele
grupo", disse ontem o porta-voz do grupo em Gaza, Sami
Abu Zuhri.
Com agências internacionais
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