São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Praça do Congresso reúne dois lados do conflito

DE BUENOS AIRES

O encaminhamento ao Congresso, na semana passada, do projeto de lei do governo de Cristina Kirchner que aumenta os impostos sobre as exportações de grãos mudou o foco do conflito na Argentina da Casa Rosada para a sede do Poder Legislativo.
Hoje, a praça em frente ao Congresso já é chamada de praça das sete barracas. Ali, movimentos kirchneristas instalaram seis tendas para manifestarem seu apoio à proposta do governo. O setor agropecuário tem uma barraca, no lado oposto da praça. Antes separados pela distância entre a cidade e o campo, agora os dois grupos fazem seus protestos a poucos metros um do outro.
A barraca do campo é a única que tem permissão oficial da Prefeitura de Buenos Aires para ser fincada no local. Os manifestantes que apóiam o governo se instalaram e dominaram a praça no fim de semana. Quase foram expulsos, mas uma decisão judicial proibiu que fossem desalojados.
Em meio à batalha pela atenção dos congressistas e de quem passar pela praça, os dois grupos compartilharam um momento de paz anteontem, quando disputaram uma partida de rúgbi a convite de um canal de TV. Mas, como no conflito, não houve vencedor na partida: o placar foi 0 a 0, mas as equipes ao menos trocaram as camisas no fim do jogo.

Touro x pingüim
Na tarde de ontem, a atração na barraca dos ruralistas era o carismático líder da Federação Agrária de Entre Ríos, Alfredo de Angeli, que, com discursos à beira das estradas, virou uma espécie de ídolo nacional.
Enquanto o Alfredo original discursava dentro da tenda, atraindo madames e mendigos, quem não conseguia entrar tirava fotos com a homenagem a ele, um touro inflável de cerca de cinco metros de altura, batizado "Alfredito".
Para contra-atacar, representantes do movimento de jovens peronistas La Cámpora apareceram vestidos de ovos e prometeram para a noite trazer seu próprio mascote, um pingüim inflável chamado Néstor, em homenagem ao ex-presidente Néstor Kirchner. Os kirchneristas prometem um ato na praça para amanhã.
Enquanto isso, a apreciação do projeto na Câmara de Deputados passa por incidentes porque todos os grupos querem participar da discussão. Ontem, a reunião teve de ser suspensa por algumas horas porque produtores rurais e legisladores se empurravam na disputa por um lugar na sessão. (AK)


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