São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Colombiana é condenada por vender voto

Ex-senadora ficará 43 meses em prisão domiciliar por aceitar suborno que favoreceu reeleição de Uribe

DA REDAÇÃO

A Suprema Corte da Colômbia condenou ontem a ex-senadora Yidis Medina a 43 meses de prisão domiciliar por ter aceitado suborno na votação de uma reforma constitucional que permitiu a reeleição do presidente Álvaro Uribe.
O governo de Uribe negou ter oferecido favores políticos a Medina, mas o tribunal anunciou a sentença com base nas próprias confissões da ex-legisladora. A oposição cobrou que a Justiça também puna os corruptores de Medina.
"Fica faltando a outra peça do quebra-cabeças, é como ser tio sem sobrinho", afirmou o líder do Pólo Democrático Alternativo (PDA), Carlos Gaviria.
Ao ser questionado por jornalistas sobre a possível renúncia de altos funcionários do governos envolvidos na investigação, Gaviria disse que "dependerá da percepção pessoal que cada um deles tenha da ética".
Na segunda-feira, a Procuradoria acusou Sabas Pretelt, atual embaixador colombiano na Itália, de ter oferecido favores políticos a Yidis Medina, em nome do governo, para ela votar a favor da reeleição presidencial. Entre os envolvidos no escândalo conhecido como "yidispolítica" estão também o ministro da Proteção Social, Diego Palacio Betancourt, e o ex-secretário de Governo, Alberto Velásquez.
O voto de Medina -junto com o do ex-congressista Teodolindo Avendaño, que também está preso- foi decisivo para permitir que a emenda da reeleição passasse na Primeira Comissão do Congresso, que avalia a constitucionalidade dos projetos antes de passá-los à votação em plenário.
No dia da votação na comissão, 4 de junho de 2004, Medina foi um dos 18 parlamentares que apoiaram a reeleição, aprovada por dois votos de diferença. Avendaño desapareceu da sessão antes de votar.
Dois anos depois, Uribe se reelegeu presidente com 62% dos votos. Agora, partidários do presidente colombiano flertam com a idéia de um terceiro mandato consecutivo, em meio a uma campanha de coleta de assinaturas do governista Partido da Unidade Nacional (La U) para aprovar emenda constitucional nesse sentido.
A ex-parlamentar afirma que ia votar no "não", mas mudou de idéia depois que ministros de Uribe ofereceram benesses, como cargos públicos, para partidários seus.

Interesse coletivo
Ao emitir a sentença, o tribunal declarou que Medina, "detendo um cargo eleito pelo voto popular, decidiu trair a confiança e o interesse coletivo em troca de vantagens".
O crime de aceitar suborno prevê pena de até sete anos de detenção. O tribunal impôs multa de 85 salários mínimos e reduziu a condenação de Medina porque ela se entregou e colaborou com a Justiça. A detenção domiciliar deve-se ao fato de Medina ser mãe solteira.
A ex-senadora está em cela especial da Prisão Modelo de Bogotá desde abril.


Com agências internacionais.


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