São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Novo general revê regras de guerra afegã

TV diz que David Petraeus, novo chefe das forças dos EUA no país, pretende facilitar combates com militantes

Doutrina implementada por seu antecessor, que busca preservar civis, é vista por militares como vantajosa ao Taleban


Denis Sinyakov/Reuters
Soldados americanos no Afeganistão; 83 militares da Otan morreram no país em junho, mês mais letal para tropas estrangeiras desde início da guerra

DE SÃO PAULO

O general David Petraeus estaria planejando mudar as regras de combate no Afeganistão assim que assumir o comando das forças americanas no país, com o objetivo de facilitar o enfrentamento dos inimigos.
A informação foi dada ao canal Fox News por uma fonte próxima ao general.
Atual chefe do Comando Central dos EUA -responsável pelas operações militares no Oriente Médio- Petraeus foi nomeado pelo presidente Barack Obama na última quarta-feira.
Ele irá suceder o general Stanley McChrystal, demitido após ele e sua equipe terem feito comentários degradantes sobre Obama e altos funcionários do governo a um repórter da revista "Rolling Stone".
As regras atualmente em vigor foram colocadas em prática há um ano por McChrystal, em um momento em que aumentava o descontentamento da população afegã com a morte de civis em ataques aéreos ou por armas pesadas, como canhões e morteiros.
O jornal britânico "Daily Telegraph" relata que, em agosto passado, McChrystal emitiu uma orientação aos soldados que dizia que "grandes operações para matar ou capturar militantes têm um significativo risco de causar mortes de civis e danos colaterais".
No documento, ele argumentava que o sucesso no Afeganistão só poderia ser alcançado se os soldados tivessem a coragem necessária para serem mortos com o objetivo de poupar civis.
Mas soldados e alguns comandantes entendem que a doutrina obriga as tropas a lutar "com uma mão amarrada nas costas".
Para eles, ao preservar a vida de civis, as regras custam outras vidas americanas e dão vantagem aos extremistas do Taleban, que atiram contra os soldados e depois se escondem no meio da população -sabendo que, dessa forma, não receberão tiros de volta.
Tanto Obama quanto seu secretário da Defesa, Robert Gates, afirmaram que a estratégia de contrainsurgência no Afeganistão não sofrerá alterações com a chegada de Petraeus.
Segundo eles, a saída de McChrystal foi apenas uma mudança de comando.

NADA SIGNIFICATIVO
Mas, anteontem, o chefe do Estado-Maior conjunto dos EUA, almirante Mike Mullen, não descartou que regras táticas sofram alterações. Ele afirmou, no entanto, que elas não representariam mudanças significativas na forma de combate.
Já o porta-voz de Petraeus, coronel Erik Gunhus, disse ontem que uma possível mudança nas regras será discutida assim que o general assumir seu novo posto.
No momento, porém, ele afirmou ainda ser cedo para dizer se haverá qualquer tipo de alteração.
Após junho ter se tornado o mês com mais mortes de soldados da Otan (aliança militar ocidental) -83- desde o início da guerra no Afeganistão, em 2001, analistas avaliam que mudanças nas regras de combate podem ser bem recebidas pelas tropas.
Apesar de não haver mais detalhes sobre as intenções do general Petraeus, o assunto promete ser um dos principais durante a audiência de confirmação pelo Senado americano, a qual ele deve ser submetido na semana que vem.


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