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Novo general revê regras de guerra afegã
TV diz que David Petraeus, novo chefe das forças dos EUA no país, pretende facilitar combates com militantes
Doutrina implementada por seu antecessor, que busca preservar civis, é vista por militares como vantajosa ao Taleban
Denis Sinyakov/Reuters
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Soldados americanos no Afeganistão; 83 militares da Otan morreram no país em junho, mês mais letal para tropas estrangeiras desde início da guerra
DE SÃO PAULO
O general David Petraeus
estaria planejando mudar as
regras de combate no Afeganistão assim que assumir o
comando das forças americanas no país, com o objetivo
de facilitar o enfrentamento
dos inimigos.
A informação foi dada ao
canal Fox News por uma fonte próxima ao general.
Atual chefe do Comando
Central dos EUA -responsável pelas operações militares
no Oriente Médio- Petraeus
foi nomeado pelo presidente
Barack Obama na última
quarta-feira.
Ele irá suceder o general
Stanley McChrystal, demitido após ele e sua equipe terem feito comentários degradantes sobre Obama e altos
funcionários do governo a
um repórter da revista "Rolling Stone".
As regras atualmente em
vigor foram colocadas em
prática há um ano por
McChrystal, em um momento em que aumentava o descontentamento da população afegã com a morte de civis em ataques aéreos ou por
armas pesadas, como canhões e morteiros.
O jornal britânico "Daily
Telegraph" relata que, em
agosto passado, McChrystal
emitiu uma orientação aos
soldados que dizia que
"grandes operações para matar ou capturar militantes
têm um significativo risco de
causar mortes de civis e danos colaterais".
No documento, ele argumentava que o sucesso no
Afeganistão só poderia ser alcançado se os soldados tivessem a coragem necessária
para serem mortos com o objetivo de poupar civis.
Mas soldados e alguns comandantes entendem que a
doutrina obriga as tropas a
lutar "com uma mão amarrada nas costas".
Para eles, ao preservar a
vida de civis, as regras custam outras vidas americanas
e dão vantagem aos extremistas do Taleban, que atiram contra os soldados e depois se escondem no meio da
população -sabendo que,
dessa forma, não receberão
tiros de volta.
Tanto Obama quanto seu
secretário da Defesa, Robert
Gates, afirmaram que a estratégia de contrainsurgência
no Afeganistão não sofrerá
alterações com a chegada de
Petraeus.
Segundo eles, a saída de
McChrystal foi apenas uma
mudança de comando.
NADA SIGNIFICATIVO
Mas, anteontem, o chefe
do Estado-Maior conjunto
dos EUA, almirante Mike Mullen, não descartou que regras táticas sofram alterações. Ele afirmou, no entanto, que elas não representariam mudanças significativas na forma de combate.
Já o porta-voz de Petraeus,
coronel Erik Gunhus, disse
ontem que uma possível mudança nas regras será discutida assim que o general assumir seu novo posto.
No momento, porém, ele
afirmou ainda ser cedo para
dizer se haverá qualquer tipo
de alteração.
Após junho ter se tornado
o mês com mais mortes de
soldados da Otan (aliança
militar ocidental) -83- desde o início da guerra no Afeganistão, em 2001, analistas
avaliam que mudanças nas
regras de combate podem ser
bem recebidas pelas tropas.
Apesar de não haver mais
detalhes sobre as intenções
do general Petraeus, o assunto promete ser um dos principais durante a audiência de
confirmação pelo Senado
americano, a qual ele deve
ser submetido na semana
que vem.
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