São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Rice detalha zona-tampão para o Líbano

David Silverman/Associated Press
Rice ouve o premiê Ehud Olmert em encontro em Jerusalém


Secretária de Estado dos EUA prevê 10 mil militares egípcios e turcos, substituídos depois por forças internacionais

Condoleezza Rice participa em Roma de conferência de 16 países para debater crise; Israel estará ausente; todos dizem querer o cessar-fogo

DA REDAÇÃO

Na conferência que será aberta hoje em Roma para discutir o fim das operações de Israel em território libanês, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, deve propor um plano em duas etapas para a zona-tampão no sul do Líbano.
A CNN diz que o plano foi relatado anteontem por Rice ao primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, e ontem ao premiê israelense, Ehud Olmert.
Na primeira etapa, diz a emissora, um contingente de até 10 mil militares turcos e egípcios ocupariam uma faixa de 20 km. Essas forças de países muçulmanos ficariam sob o comando da ONU ou da Otan (aliança militar ocidental), da qual a Turquia é membro.
Numa segunda etapa, um contingente bem maior, de 30 mil militares, auxiliaria o Exército libanês a retomar o controle de uma área hoje em mãos do grupo islâmico Hizbollah.
Não está claro se o segundo contingente atuaria como força auxiliar do Exército libanês. O jornal francês "Le Monde" afirma que o governo do Líbano considera a opção arriscada, porque oporia os xiitas a militares de outras confissões, o que geraria uma nova guerra civil.
A France Presse cita um assessor de Rice -ela desembarcou ontem à noite na capital italiana-, para quem ela hoje desfaria a tese de que os EUA, para dar tempo a Israel, estavam empenhados em atrasar um cessar-fogo.
O Egito e a Turquia não reagiram ao plano de envio de tropas ao Líbano. No Cairo, o governo anunciou um plano elaborado conjuntamente a Arábia Saudita, que prevê um cessar-fogo imediato e o envio do Exército libanês para ocupar a faixa de fronteira com Israel. As forças regulares daquele país seriam em seguir auxiliadas por forças internacionais.
Na conferência de Roma estarão os ministros das Relações Exteriores de 15 países, o secretário-geral da ONU, a União Européia e o Banco Mundial. O Líbano estará representado por seu premiê. Ele ontem deixou Beirute num helicóptero Bell 212 da Força Aérea Argentina. A aeronave foi requisitada pela ONU para levá-lo até Chipre, de onde seguiu para Roma.

Ausência israelense
Israel não estará no encontro. Sua chanceler, Tzipi Livni, no entanto, disse ao "Corriere della Sera" esperar que do encontro saia um plano de ajuda econômica para o Líbano.
Rice, em seu segundo dia no Oriente Médio, obteve do governo israelense a promessa de permitir que uma ponte aérea, operada por aeronaves de países árabes, descarregasse ajuda humanitária em Beirute.
A secretária de Estado reafirmou a necessidade de uma "solução durável" para a região. Repetiu ainda a expressão "novo Oriente Médio", que pode significar o crescimento da democracia na região, diz a BBC.
Depois de se avistar com Ehud Olmert, o governo israelense publicou nota em que lamenta o sofrimento de civis no Líbano e diz que seu único objetivo é neutralizar o Hizbollah.
Rice foi em seguida a Ramallah, onde se avistou com o presidente Mahmoud Abbas. Ela afirmou que o cessar-fogo deveria ser "urgente", mas, ao mesmo tempo, "sustentável".
Teve palavras amistosas ao enfraquecido líder palestino. Disse a ele que o admirava e o aconselhou a concentrar seus esforços na criação de um Estado independente, que conviveria ao lado de Israel.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Em Haifa, israelenses desafiam maioria para protestar contra conflito
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.