CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Os governos da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Canadá pediram vagas nos comboios que estão sendo organizados pelo Brasil no Líbano, para retirar seus cidadãos das zonas de conflito.
De acordo com embaixador Everton Vieira, coordenador do Grupo de Trabalho de Apoio aos Brasileiros no Líbano, até ontem, porém, apenas o Paraguai havia fornecido uma lista com o nome de 15 cidadãos que estão em Beirute.
A Argentina e a Bolívia ainda não forneceram as listas nem informaram de onde as pessoas devem ser retiradas.
O Canadá quer ajuda para retirar alguns canadenses do vale do Bekaa, onde a Embaixada do Brasil em Damasco está organizando comboios diários desde domingo para levar brasileiros à capital síria, onde serão transportados para o Brasil em dois vôos em parcerias entre a TAM e a Gol. Segundo Vieira, o governo da Bolívia não possui embaixada ou consulado no Líbano.
"Nós não temos cotas estipuladas para trazer estrangeiros e faremos todos os esforços para trazer as pessoas na medida do possível. São países com quem temos excelentes relações, e o Canadá já nos ofereceu ajuda", disse Vieira.
Na semana passada, o governo canadense trouxe 73 brasileiros em um navio que saiu do porto de Beirute com destino ao porto de Mercing, na Turquia. Esses brasileiros foram levados para a cidade de Adana e já embarcaram para o Brasil em vôos da FAB (Força Aérea Brasileira).
Hoje saem dois aviões da região. O da TAM deixa Damasco e chega amanhã às 13 horas em Natal, onde faz uma escala, depois segue para São Paulo, onde aterrissa às 22h15. Deve trazer 225 passageiros. O segundo vôo, da FAB, sai de Adana e chega a Recife às 6 horas e em São Paulo às 11 horas.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, chegou ontem a Istambul, na Turquia. Hoje ele segue para Adana, onde, além de agradecer às autoridades turcas pela colaboração na retirada dos brasileiros, vai acompanhar o embarque do avião da FAB, que sai de Adana às 22 horas.
Por telefone, de Istambul, Amorim disse à Folha que precisou passar a noite nessa cidade porque não há hotéis disponíveis em Adana. O ministro ainda não decidiu se voltará no avião da FAB, mas afirmou que acompanhará os brasileiros se for possível. Em entrevista coletiva, o embaixador Vieira disse que o ministro "não vai ocupar o lugar de nenhum brasileiro que queira sair da região".

Vale do Bekaa
Hoje um novo comboio com sete ônibus e três microônibus sai do vale do Bekaa. Até ontem o governo ainda negociava com Israel autorização para que os brasileiros voltem a usar a saída leste, que está a menos de dez quilômetros da fronteira com a Síria e não a saída Norte, que fica a 14 horas.
Esses brasileiros serão levados para Damasco e voltarão para o Brasil no vôo da TAM. Hoje também saem quatro ônibus com 200 brasileiros de Beirute com destino a Adana.
De acordo com Vieira, o governo não tem previsão de quando a operação de retirada irá acabar, porque ainda há muitos brasileiros que estão saindo do sul do Líbano rumo a Beirute, de onde devem ser retirados pelos ônibus para irem a Adana.

Mais dois vôos
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou ontem que mais outro vôo resgatará brasileiros que se encontram no Líbano nesta semana.
O vôo também será executado pela TAM com participação da Gol e sairá amanhã de Guarulhos, ao meio-dia, em direção a Damasco. A aeronave retorna ao Brasil às 11h da manhã de sexta com os brasileiros que tentam voltar.