São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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análise

Visita impulsa duelo entre Bush e Chávez

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

O duelo entre o governo George W. Bush e Hugo Chávez ganha novo impulso com a viagem do presidente venezuelano em busca de apoio para eleger a Venezuela membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU.
Evitar que isso aconteça tornou-se "alta prioridade" da política latino-americana dos EUA. Pelas regras da ONU, a América Latina terá direito a uma vaga que se abrirá no próximo ano com a saída da Argentina.
A escolha será em outubro, a Venezuela candidatou-se, e o Departamento de Estado entrou em ação, com carga total, incluindo intervenções diretas de Condoleezza Rice, para impedir que Chávez arrume os votos necessários. Mesmo que ele consiga, a Venezuela ocupará assento rotativo, sem direito a veto, privilégio dos cinco permanentes, entre os quais os EUA. Mas Washington acha que a oposição da Venezuela a sanções ao Irã pode se tornar um fator a mais de tensão em meio a um "comportamento desagregador e irresponsável".
Além disso a Venezuela ficaria em condições de assumir por um mês a Presidência do CS e com isso influenciar a composição da agenda. O resultado do duelo também dirá em que pé anda a "estratégia de inoculação" lançada por Rice com o objetivo de isolar Chávez na América Latina.
Os EUA querem a Guatemala, "candidato viável", segundo Amanda Rogers-Harper, porta-voz do Departamento de Estado. O México já declarou voto pró-Guatemala e o mesmo devem fazer países da América Central, Colômbia e Peru.
Embora ainda não haja definição à vista, diplomatas latino-americanos citados anonimamente pelo "Los Angeles Times" prevêem que a Venezuela acabará sendo majoritária. Pesos pesados como Brasil e Argentina, ao lado de Uruguai, Paraguai e caribenhos, "tendem" a apoiar Chávez. "Mais do que natural", foi a observação de Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula, "já que o Brasil tem extensa fronteira com a Venezuela".
Veterano analista de questões do continente, Larry Birns, do Council of Hemispheric Affairs, de Washington, se disse convencido de que falharão os esforços americanos pelo bloqueio da Venezuela e a eleição da Guatemala.


O jornalista NEWTON CARLOS é analista de assuntos internacionais

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