São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Chávez negocia com Putin contrato militar de US$ 1 bi

Acordo prevê a compra pela Venezuela de 30 aviões Sukhoi-30 e 30 helicópteros

Departamento de Estado dos EUA diz que aquisição prejudica estabilidade regional e exorta a Rússia a reconsiderar acordo

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chegou ontem à Rússia para uma visita de três dias, na qual deve assinar um pacote de contratos para a compra de armas e equipamentos militares do governo russo.
Os novos contratos, estimados em US$ 1 bilhão, incluem a compra de 30 aviões de combate Sukhoi-30 e 30 helicópteros militares.
Não é o primeiro contrato militar multimilionário entre os dois países. No ano passado, em uma transação que provocou a ira dos EUA e manifestações de desacordo de vizinhos latino-americanos, Chávez comprou 100 mil fuzis Kalashnikov do governo russo e 40 helicópteros blindados, no valor de US$ 174 milhões.
Calcado nos recursos da exportação de petróleo, Chávez também fechou com a Espanha a compra de equipamentos militares, estimada em US$ 1,3 bilhão. Em janeiro, porém, Washington interveio e negou ao governo espanhol a licença para vender 12 aviões militares com componentes americanos à Venezuela.
No início do ano, Chávez afirmou que compraria armamento suficiente para armar "1 milhão de venezuelanos" para defender o país de uma suposta invasão americana.

Estabilidade regional
Os EUA manifestaram oposição com o novo acordo. "Expressamos nossa preocupação sobre isso ao governo da Rússia e exortamos a que reconsidere essa venda", disse ontem o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey.
Segundo Casey, as compras de armamentos "excedem a necessidade de defesa" da Venezuela e "não ajudam em termos de estabilidade regional".
A viagem de Chávez começou ontem por Belarus, onde o venezuelano se encontrou com o ditador Alexander Lukashenko. Em Volgogrado (antiga Staliningrado), Chávez seguiu a tradição cossaca e tomou vodka em um copo colocado sobre um sabre.
Antes do encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, Chávez pára na cidade de Izhevsk, onde visita uma fábrica de Kalashnikovs -ele negocia com o governo russo a instalação de uma fábrica desses fuzis em território venezuelano.
Chávez e Lukashenko assinaram sete acordos em áreas como cooperação técnico-militar, economia e energia, além de uma declaração de parceria estratégica. Os dois líderes acusam os EUA de querer derrubar seus governos.
"As garras do imperialismo e da hegemonia avançaram sobre Belarus. Nossos países devem manter as mãos sobre a faca", disse Chávez.
O premiê de Belarus, Sergei Martynov, disse que os dois países "concordaram em dar apoio mútuo em todas as questões-chave em organizações internacionais", dando a entender que Belarus vai apoiar a candidatura venezuelana a uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU.
Os EUA defendem que o assento seja da Guatemala (leia texto nesta página). A Assembléia Geral da ONU definirá a questão em votação secreta em outubro.


Com agências internacionais

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