São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / BRIGA PELOS HOLOFOTES

McCain quer usar anúncio de vice para roubar atenção

Governadores Crist e Pawlenty e ex-pré-candidato Romney encabeçam a lista

Credenciais econômicas, idade e Estados-pêndulo são alvos cobiçados; campanha planeja divulgar nome entre volta de Obama e Olimpíada


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Ganhou força nas últimas horas o rumor de que o candidato republicano à sucessão do presidente George W. Bush poderá anunciar já no início da semana que vem o nome do vice em sua chapa. John McCain "está apto a comunicar a decisão em curto prazo, se quiser", disse seu principal assessor, Charles Black Jr..
Segundo pessoas ligadas à campanha, o senador gostaria de aproveitar a ressaca da volta de Barack Obama do exterior para trazer os holofotes para si, e escolher seu vice seria uma ótima maneira. Além disso, o político acredita que deva fazer o anúncio antes do início da Olimpíada de Pequim, em 8 de agosto, quando a atenção à corrida presidencial deve cair.
A lista de futuros "vice-presidenciáveis" chega a uma dezena, mas nas últimas semanas afunilou para três nomes, sem hierarquia: os atuais governadores da Flórida, Charlie Crist, 52, e de Minnesota, Tim Pawlenty, 47, e Mitt Romney, 61, ex-governador de Massachusetts e rival de McCain nas primárias partidárias.
A lista, agora tríplice, sofreu uma aparente defecção nas últimas horas, após duas entrevistas seguidas e recentes em que o jovem governador da Louisiana, Bobby Jindal, 37, repetiu que não quer ser candidato a vice e que está feliz com seu cargo atual. Ele era levado em conta como um dos favoritos.
Com índices recordes de popularidade em seu Estado, Jindal tem dois atributos que interessam muito à equipe de McCain para contrabalancear o chamado "Fator Obama": tem quase metade da idade do senador republicano de 71 anos, sendo ainda mais jovem que o oponente democrata, de 46 anos; filho de indianos, preenche ainda o quesito "étnico".

Latinos, dinheiro e votos
Mas o trio restante tem atrativos próprios. A seu favor, Crist lidera um dos Estados-chave das eleições, onde também conta com índices recordes de popularidade, comprovados ao conseguir "entregar" a McCain a vitória das prévias republicanas locais de janeiro. Contra ele, rumores sobre sua orientação sexual, o que pode causar ruído na base conservadora cobiçada pelo candidato.
Já Mitt Romney traria sua experiência econômica -milionário, empresário bem-sucedido, é elogiado nesse aspecto por sua gestão em Massachusetts- a uma campanha que anda à deriva nesse setor. Por outro lado, traria também o peso de ser mórmon, uma religião que pode causar estranheza no eleitor americano médio.
Por fim, Pawlenty comanda um dos Estados que os republicanos gostariam de transformar em "pêndulo" em novembro -ou seja, que a população local voltasse a votar em sua maioria num candidato republicano, diferentemente do que fez em 2004. De acordo com pesquisa publicada nessa semana no "Wall Street Journal", McCain saiu ali de uma lanterna de sete pontos para o atual empate técnico.
O resto da lista é formado por nomes como o de Lindsey Graham, senador pela Carolina do Sul e melhor amigo de McCain, Carly Fiorina, ex-CEO da HP, que ajudaria a atrair eleitoras descontentes com a saída de Hillary Clinton da corrida; e Rob Portman, ex-diretor de Orçamento da Casa Branca, com boas credenciais econômicas.
Há ainda John Thune, senador por Dakota do Sul, um jovem conservador que fecharia o vácuo de McCain nesse eleitorado, e Tom Ridge, ex-secretário da Segurança Interna e ex-governador da Pensilvânia, outro "Estado-pêndulo". Os azarões são Mike Huckabee, ex-pré-candidato a presidente e ex-governador do Arkansas, com penetração na direita evangélica, e Joe Lieberman, senador democrata independente que que atrairia o centro.
É tradição, poucas vezes desrespeitada, que os candidatos anunciem seus vices antes das convenções dos partidos. A democrata acontece na última semana de agosto; a republicana, na semana seguinte. É pouco provável que Obama nomeie seu companheiro -ou companheira-de chapa antes disso.


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