São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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União Européia promete força de 7.000 ao Líbano

Depois de muita hesitação, Itália e França vão mandar 5.000 soldados; ambos os países comandarão força de paz

Contingente equivale à quase metade das tropas que a ONU quer enviar ao sul do Líbano para garantir o cessar-fogo com Israel


DANIEL DOMBEY
DELPHINE STRAUSS
DO FINANCIAL TIMES

A União Européia chegou finalmente a um acordo ontem para enviar cerca de 7.000 soldados para formar a nova força de paz da ONU no Líbano. E resolveu o impasse de quem lideraria a nova força.
Itália e França confirmaram o envio de 3.000 e 2.000 soldados, respectivamente. A Espanha contribuirá com 1.000 e a Polônia com 500 -mesmo número do contingente de Finlândia, Suécia e Noruega juntas. A força será liderada pela França até fevereiro, quando a Itália assumirá o comando.
Embora o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, tenha elogiado a UE por prover a espinha dorsal da força, suas fileiras ainda não foram preenchidas por completo. Tampouco estão claras as chances de sucesso da missão no sul do Líbano.
"A conferência foi um sucesso", disse Annan, após o encontro de emergência em Bruxelas com os chanceleres dos países da UE. "Mais da metade da força foi garantida hoje."
O chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, disse que os problemas que cercavam a nova força já foram resolvidos, principalmente no que toca à organização, pela qual o comando responderá a um general italiano que ficará na sede das Nações Unidas, em Nova York. Douste-Blazy disse que assim as diretrizes da força serão passadas com muito mais rapidez.

Chegada rápida
Annan acrescentou que a primeira leva -de 3.000 a 4.000 soldados- deve chegar nos próximos dias ou em uma semana. E afirmou que o objetivo de se chegar a 15 mil homens será alcançado.
Cerca de 2.000 soldados já estão no Líbano pela Unifil, a atual força de monitoramento da ONU, que está no país desde 1978.
Em uma coletiva de imprensa com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, o presidente francês Jacques Chirac afirmou que 15 mil homens "é um número excessivo", acrescentando que não consegue imaginar os 15 mil soldados do Exército libanês que estão sendo enviados ao sul mais outros 15 mil da Unifil em uma área tão pequena "sem trombarem uns nos outros".

Ameaça
Annan disse ainda que gostaria que a Turquia participasse da missão. Ele enfatizou o compromisso de Indonésia, Malásia e Bangladesh em participar, ainda que Israel tenha feito objeções aos três países muçulmanos, com os quais não mantém relações diplomáticas.
O próximo obstáculo para a força é a ameaça da Síria de fechar sua fronteira com o Líbano se as tropas da ONU forem colocadas ao longo da linha entre os dois países.
Israel diz que a presença da ONU na área é necessária para evitar que armas vindas do Irã possam chegar às mãos do grupo Hizbollah, contra o qual travou 34 dias de combates. Mas Annan disse que a ONU só posicionaria as tropas ao longo da fronteira a pedido do Líbano.
Segundo as diretrizes da operação que circularam na semana passada, a força irá monitorar o fim das hostilidades e acompanhar o Exército libanês no sul do país.
A missão também "assegura o acesso humanitário e assistência ao governo libanês, quando este solicitar, para proteger a fronteira e evitar a entrada de armas e equipamentos bélicos".
Por fim, também tem como tarefa garantir que a área não seja usada para "atividades hostis de qualquer tipo". No rascunho inicial, os soldados podem "atirar para matar" em defesa própria ou de civis.


Com agências internacionais

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